Após a festejada abertura da Olimpíada, Rio voltou à realidade: tiro, bala perdida, ataque a ônibus, assalto

(Adress LAtif - Reuters)
(Adress LAtif – Reuters)

Dias antes da abertura da 31ª edição dos Jogos Olímpicos, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), abusou da sua conhecida gazeta e afirmou que durante o evento esportivo a capital fluminense seria a cidade mais segura do planeta. Considerando que Paes é um bufão conhecido e que no Rio de Janeiro quem dá as ordens é o crime organizado, a profecia não se consumou.

Para levar a cabo o que disse Eduardo Paes seria necessário quintuplicar o contingente de policiais, militares e agentes de segurança que estão no Rio de Janeiro, destacando um para cada cem habitantes. Como isso é impossível, até porque a população do Rio aumentaria de forma exponencial da noite para o dia, o melhor é aceitar a ideia de que o Estado paralelo continua mandando.

No último sábado (6), a sala de imprensa do Centro Olímpico de Hipismo, no Complexo de Deodoro, zona norte do Rio, foi atingida por uma bala perdida de fuzil calibre 556. Também no sábado, o ministro da Educação de Portugal, Tiago Brandão Rodrigues, foi alvo de dois marginais armados com faca enquanto caminhava pelo bairro de Ipanema. O ministro teve seus bens roubados, mas tudo foi recuperado após a prisão de um dos criminosos.

Na terça-feira (9), um ônibus que levava jornalistas do Complexo de Deodoro para o Parque Olímpico, ambos na zona oeste do Rio, foi atingido e teve as janelas quebradas. Logo após o ataque, as primeiras informações davam conta que os vidros do veículo tinham sido quebrados por projeteis de arma de fogo.


Contudo, uma análise preliminar da Polícia Civil fluminense aponta que o ônibus foi alvo de qualquer outro objeto, menos de disparo de arma de fogo. Considerando que as autoridades estão preocupadas com a imagem que o turista levará do Brasil, o melhor é manter a cautela diante da informação.

“A gente estava voltando do basquete, jogo Brasil e Bielorrússia, eu sentei perto da janela e ouvi um ‘buu’ pequeno, não foi muito alto. O vidro quebrou, ficou destruído e todos os jornalistas se jogaram no chão. Paramos perto de um carro de polícia, o policial entrou no ônibus, olhou, observou e seguimos o trajeto”, revelou Artur Zhol, jornalista de Belarus, que sofreu um pequeno corte no dedo.

No faroeste caboclo em que se transformou o Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (10) uma equipe da Força Nacional de Segurança (FNS) foi atingida por tiros no Complexo da Maré, a Zona Norte do Rio, ao entrar por engano na Vila do João. Os quatro ocupantes da viatura da FNS foram atingidos, sendo que um deles, alvejado na cabeça, está em estado grave no Hospital Salgado Filho, onde foi submetido a cirurgia de emergência.

Depois da pirotécnica e meteórica redenção dos brasileiros durante a cerimônia de abertura da Olimpíada, no Estádio Mário Filho (Maracanã), na última sexta-feira (5), não foi preciso muito tempo para o País voltar à sua dura e triste realidade. Ao custo de mais de R$ 40 bilhões, os Jogos do Rio não conseguiram, mesmo com a repercussão da festa de abertura, esconder a falência de um Estado que insistentemente é considerado como de primeiro mundo, enquanto o cotidiano aponta na direção contrária. O Brasil precisa deixar de ser o país do faz de conta.

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