Acusada de corrupção e com o marido envolvido em escândalo, Gleisi volta a atestar a inocência de Dilma

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Com o passar do tempo, a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) torna-se uma figura cômica na seara da política nacional. Atolada, ao lado do marido, em gravíssimas acusações de corrupção (Paulo Bernardo da Silva é suspeito de chefiar uma quadrilha que lesou servidores; a senadora foi acusada por seis delatores do Petrolão de receber propina), Gleisi insiste em passar seguidos e enfadonhos atestados de inocência a Dilma Rousseff. Algo parecido com Don Corleone querendo garantir a inocência de Al Capone, assegurando que todas as acusações que pesam sobre o folclórico mafioso de Chicago não passam de um “golpe”.

“Vamos continuar dizendo que é golpe, que é fraude e que isso não reflete o que está na Constituição brasileira”, afirma Gleisi em referência à sessão da última terça-feira (9) no Senado, na qual, por 59 votos contra 21, a presidente eleita Dilma Rousseff tornou-se ré e irá a julgamento no final deste mês, quando pode ser afastada definitivamente do cargo.

“Estamos questionando o que é óbvio. Como vai julgar uma presidente que não cometeu crime de responsabilidade?”, provocou a parlamentar durante entrevista à TV Senado. Como de costume, Gleisi assegura a inocência da ‘presidenta’ sem explicar as pesadas denúncias que estão colocadas contra ela e o marido, as quais já levaram à prisão de Paulo Bernardo e o indiciamento da própria senadora por corrupção passiva.


Segundo Gleisi, as chamadas pedaladas fiscais, que eram o principal crime que a presidente teria cometido, foram desconstruídas. “O MP mandou arquivar, a perícia que foi instalada pelo Senado disse que não tem autoria da presidente Dilma, o Banco do Brasil disse que não tem”, afirmou a senadora com sua peculiar verbosidade, que esgotou até a paciência do ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e que comanda o julgamento do impeachment.

“Então por isso que temos dito que é um processo que dá muito mais peso a questões formais, ao rito do que ao conteúdo. Ou seja, acharam um rito e correram atrás do conteúdo para dizer que tem legalidade”, afirma Gleisi, sem se dar conta da carga cômica representada por uma acusada de múltiplos e gravíssimos crimes passando atestados de inocência.

Ao contrário do que afirma a senadora paranaense, Dilma só está a ser julgada porque a Constituição Federal é clara, em seu artigo 85, ao estabelecer os crimes de responsabilidade, assim como faz a Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, conhecida como Lei do Impeachment. É natural que Gleisi queira defender a presidente afastada, até porque um eventual retorno da petista ao cargo garantiria à senadora alguma “boca rica”, mas o sonho começa a avançar na seara do pesadelo.

Gleisi, em vez de perder tempo com o irreversível impeachment de Dilma, deveria criar coragem e explicar aos brasileiros a nomeação de um pedófilo como assessor especial da Casa Civil. Eduardo Gaievski, condenado a mais cem anos de prisão por abusar sexualmente de meninas pobres e vulneráveis, foi incumbido de cuidar dos programas federais destinados a crianças e adolescentes. Tudo no melhor estilo “raposa tomando conta do galinheiro”.

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