Manobra do PMDB e de aliados pode levar cassação de Eduardo Cunha para novembro

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Oficialmente marcada para o próximo dia 12 de setembro, a definição do futuro político de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara dos Deputados, é um assunto de múltiplas faces. O adiamento do julgamento em plenário do processo de cassação atendeu a um desejo do governo interino de Michel Temer, mas deu fôlego extra ao peemedebista acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Ao longo de meses, Cunha usou todos os artifícios para escapar da cassação, mas ainda assim poderá tentar manobras radicais e de última hora, muitas delas fora do escopo jurídico. Contudo, mesmo que sua cassação seja confirmada, o deputado fluminense terá cumprido sua principal missão: viabilizar o impeachment da petista Dilma Rousseff.

Na peçonhenta queda de braço que surgiu entre Dilma e Cunha, a preocupação maior era saber quem puxaria a fila da degola política. Tanto é assim, que no Congresso Nacional apostas bem humoradas davam o tom da briga. E quem entrasse na brincadeira deveria escolher o primeiro a cair: Dilma, Cunha ou a chuva em Brasília. Como o tempo foi passando, a chuva na sempre árida capital dos brasileiros saiu na frente da petista e do peemedebista.

Para que a cassação de Cunha seja aprovada são necessários 257 votos – a Câmara tem 513 deputados. A data agendada pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é uma segunda-feira, dia em que o quorum é tradicionalmente baixo.


A novidade é que o PMDB trabalha nos bastidores para esvaziar a sessão que julgará o processo do ex-presidente da Câmara. A ideia é tentar empurrar para depois das eleições a definição sobre o caso envolvendo Eduardo Cunha. Isso significa que a cassação do mandato poderá acontecer somente no final de outubro ou começo de novembro. A se confirmar esse drible político, Cunha terá conquistado mais dois meses de prazo, pelo menos.

Porém, como sempre acontece em ano eleitoral, após as disputas nas urnas o Congresso retoma as atividades em ritmo mais lento. Quando a velocidade normal dos trabalhos for alcançada, o calendário já marcará novembro, quando deputados e senadores iniciam movimento para aprovar o Orçamento da União, o que, de acordo com a Constituição, garante o recesso do final do ano.

A possibilidade de Eduardo Cunha não ser cassado é remota, como confirmou ao UCHO.INFO um experiente deputado federal por São Paulo, mas esse nó político corre o risco de ser desatado somente em fevereiro do próximo ano. Como ressaltamos, a chance é mínima, mas em se tratando de Eduardo Cunha é melhor estar preparado para tudo e mais um pouco.

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