Ponte para o futuro de Temer durou pouco e já é temido viaduto para um passado indesejável

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Quando começou a perceber que era real a chance de substituir a agora afastada Dilma Rousseff na Presidência da República, mesmo que interinamente, o peemedebista Michel Temer lançou um plano político-econômico batizado de “Ponte para o Futuro”. Noventa dias após a sua chegada ao principal gabinete do Palácio do Planalto, contabilizadas as demissões por força de escândalos de corrupção e declarações absurdas, Temer mostra ao País que a tal ponte não passa de um viaduto para o passado. Lembrando que esse passado é negro, tenebroso e condenável.

Não há como negar que no primeiro momento Michel Temer precisava reforçar a articulação política para que a interinidade fosse transformada em efetividade, mas o que se viu ao longo desses três meses é que o escambo político prevaleceu e deu o tom da governança.

Deputados e senadores que se juntaram a Temer já perceberam que o retorno de Dilma ao poder é inviável e que a confirmação do interino no cargo é uma forma de forçar o governo a distribuir mais cargos, caso queira aprovar no Congresso matérias do seu interesse.

Na primeira etapa desse enxadrismo político, até incompetente ganhou ministério na esteira de uma negociação espúria e covarde que é altamente nociva ao País. No Parlamento ninguém está interessado em tirar o País da crise, pois se isso acontecer de forma rápida e certeira a roubalheira nos bastidores há de secar. E para manter a cornucópia bandoleira em funcionamento será preciso criar novas dificuldades para vender facilidades. E do jeito atual está muito bom para os que fazem o mandato parlamentar uma arma de assalto.

O mais destacado exemplo dessa pressão no Congresso é o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que passou da passividade diante do processo de impeachment para um posicionamento claro a favor do afastamento definitivo da petista Dilma. Essa mudança não se deu por consciência ou por patriotismo, mas no vácuo de poder indicar o próximo ministro do Turismo. Renan nega esse troca-troca, mas o novo comandante da pasta será o deputado federal alagoano Marx Beltrão (PMDB), ligado ao presidente do Senado.


Outros senadores aguardam a primeira oportunidade para colocar a faca no pescoço de Michel Temer, que terá dificuldade para acomodar todos os descontentes, se é que assim podem ser chamados. Um desses injuriados é o deputado federal Newton Cardoso Jr. (PMDB-MG), que quase chegou ao posto de ministro da Defesa, mas no enxadrismo político acabou sendo atropelado por Raul Jungmann (PPS-PE).

Cardoso Jr. ainda não digeriu o drible e tem dado ao governo inúmeros trocos. Em votações do interesse do Palácio do Planalto, Newton Cardoso tem se dividido entre duas posições que desagradam o staff de Temer: ou ausenta-se do plenário ou vota contra o governo. Cardoso não é uma voz solitária na Câmara, mas não pode ser considerado o líder dos descontentes. Porém, na política brasileira as intifadas surgem do nada.

Outro partido que deve dar problema ao governo é o PP, que por enquanto está com o Ministério da Saúde, destinatário da maior fatia do Orçamento da União. Ricardo Barros, deputado federal pelo PP do Paraná e atual ministro da Saúde, é conhecido por sua soberba e não transita como excesso de destreza entre as multas fileiras da legenda. E se o butim não for dividido com todos, Michel Temer terá problemas extras no plenário da Casa legislativa.

Michel Temer que se prepare, pois o horizonte político do País é carrancudo e os partidos da agora oposição estão dispostos a causar problemas de toda ordem. Até porque, entre os bolivarianos de plantão a TSE do “golpe” não morrerá tão cedo. Resumindo, ou o brasileiro acorda e cobra soluções republicanas para os problemas do País, ou teremos mais do mesmo.

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