Impeachment: clima entre aliados de Dilma é de derrota; afastada já trata do “day after”

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Quem acompanhou os discursos no plenário do Senado Federal, nesta terça-feira (30), logo após o pronunciamento da acusação e da defesa no âmbito do processo de impeachment, não demorou a perceber que os defensores de Dilma Rousseff no processo de impeachment externaram os efeitos colaterais de uma derrota anunciada. As manifestações dos integrantes da tropa de choque da presidente afastada foram marcadas por um tom colérico. E nesse palavrório insano sobraram loas à denunciada, pois era preciso rechear os documentários (são três) sobre o impedimento da petista.

Mesmo assim, diante da derrocada que deve ser confirmada na manhã de quarta-feira (31), os defensores de Dilma abusam da arrogância e da miopia intelectual quando propalam a vencida e cansativa cantilena do golpe. Sabem os brasileiros de bem – não os exaltados – que não há golpe em andamento no País. O que se viu ao longo desses meses, desde a recepção da denúncia até o desfecho do processo, foi o estrito cumprimento da lei e o respeito à Constituição.

Falar em golpe é não aceitar a verdade dos fatos, é defender o rompimento do ordenamento jurídico nacional, é querer fazer do País um “faz de conta” com pitadas de banditismo bolivariano. Não se pode falar em golpe quando é garantido à acusada o direito à ampla defesa. A questão nesse caso é que os outrora donos do poder não aceitam o contraditório. E quando alguém ousa contrariar a cartilha criminosa que embalava o ousado projeto de poder da esquerda, a única palavra que surge é golpe. Se respeitar o que determina a Constituição é golpe, sejamos todos golpistas.

Não se pode falar em golpe quando o julgamento do processo de impeachment está sob o comando do presidente da mais alta instância do Judiciário, ministro Ricardo Lewandowski, indicado ao cargo pelo PT, partido da presidente afastada.

Ânimos acalorados à parte, o importante é analisar o cenário com cautela e conhecimento para identificar o cenário ideal ao PT. Considerando-se a atual situação econômica do País, que chegou à débâcle na esteira da incompetência e da teimosia de Dilma Rousseff, o impeachment é o melhor quadro para uma legenda que, mergulhada na corrupção, tenta ressurgir da lama da roubalheira. O afastamento definitivo de Dilma será o trampolim para Lula tentar ressurgir como liderança política, caso isso seja possível.

Pacificada a questão dos crimes de responsabilidade – pedaladas fiscais e decretos de suplementação orçamentária sem autorização – Dilma não mais reúne condições de comandar uma nação que vem sendo derretida por uma grave e múltipla crise – econômica, política, institucional e ética. Aliás, antes de ser afastada da Presidência ela já não tinha condições de continuar no cargo. Tanto é assim, que os investidores recuaram à espera de uma definição.


Não se trata de escolher se o partido que estará no comando do País é de direita ou de esquerda, pois o lucro não tem bandeira ideológica. Trata-se de ser ou não confiável em termos de investimentos. E a petista há muito não passava essa confiança exigida pelo mercado.

De nada adianta a tropa dilmista ficar defender a presidente afastada com discursos que fazem um retrospecto de seus feitos, pois os números e os fatos não mentem. Muda-se os discursos, mas não os números, não a história. O que foi feito já produziu estragos.

No momento em que Dilma, na campanha presidencial de 2014, mentiu descaradamente à parcela incauta do eleitorado, na tentativa de vender a essas pessoas a ideia de que o Brasil era uma filial do País de Alice, aquele das maravilhas, o mercado financeiro já sabia da dura realidade nacional. Aliás, não era preciso doses extras de massa cinzenta para perceber que a fanfarra petista de 2009 na economia apresentaria a conta, cedo ou tarde.

A conta chegou, mas os petistas e aliados não querem pagá-la, pois creem que essa cobrança é golpe. De igual modo, dizem que o julgamento é político. E não há outra forma de ser, que não político, pois assim determina a legislação pertinente e a Carta Magna. Dilma não sabe fazer política, odeia política e detesta os atores da política. E o resultado não poderia ser diferente. Recebeu como troco os “coices” que distribuiu no Congresso.

Os bajuladores de Dilma decidiram, nos últimos dias, trazer aos discursos as agruras da petista durante a ditadura militar. Resolveram falar sobre a resistência de Dilma diante dos torturadores, como se o processo de impeachment pudesse ser comparado ao que ocorreu na era plúmbea. Tivesse a altivez e a fibra que tantos propagam, Dilma já teria renunciado para interromper a tortura que ela própria impõe à economia, à esperança dos cidadãos.

Mesmo assim, é compreensível o enorme esforço dos defensores de Dilma para poupá-la, até porque há um sem fim de benesses que os “companheiros” terão de abrir mão nas próximas horas. A presidente afastada, em sua defesa, falou sobre o ataque dos parasitas à árvore da democracia. Quem é conivente com o maior esquema de corrupção de todos os tempos não tem direito de falar sobre o tema. Como cada um colhe aquilo que planta, Dilma em breve sairá da história para entrar nas sombras da mediocridade.

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