Michel Temer precisará de pulso firme, pois a “ponte para o futuro” pode virar trampolim para o caos

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Considerando a estimativa média de vida dos brasileiros (74 anos e 8 meses), o presidente da República, Michel Temer, que em breve completará 76 anos, não tem muito tempo para entrar para a história, se é que isso é possível em um cenário de tamanha crise. Ou Temer acerta a mão nas próximas semanas, tão logo retorne da China, adotando medidas de interesse da nação e sem prejudicar demais a população – algum sacrifício os brasileiros terão de fazer – ou a ponte para o futuro há de se transformar em trampolim para o caos.

Na política, principalmente na brasileira, não há coincidências e muito menos bem intencionados. O universo político é um balcão de negócios, que oscila de acordo com o interesse de quem está de cada lado. E nesse caso prevalece a teoria popular “quem pode mais, manda mais”, o que é triste quando pensamos no futuro do País.

Ao longo dos nove meses consumidos pelo processo de impeachment de que foi alvo a agora ex-presidente Dilma, não restaram dúvidas acerca desse escambo covarde que domina o Parlamento federal, algo que se repete nas instâncias estaduais e municipais. A questão não é exigir contrapartida para tomar decisão a favor de alguém, mas de eventualmente, dependo do caso, de votar em consonância com alguma recompensa antecipada.

Se antes da votação do impeachment as chantagens sobraram para todos os lados, com direito a muitas promessas impossíveis de serem cumpridas, após o veredicto a situação piorou sobremaneira. Ameaças de abandono começam a pulular no entorno de Michel Temer, que acertada e precavidamente deixou no Brasil o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, na condição de vigia de um governo que começou para valer há um dia e já tem problemas como se fosse longevo.


Como noticiou o UCHO.INFO nesse período de governo interino, Michel Temer não tinha outra saída, que não a de, no primeiro momento, nomear uma equipe ministerial com base no fisiologismo político. Afinal, o agora presidente efetivo precisava de apoio para sair da interinidade. Atitude absolutamente compreensível, mas a partir de agora o presidente precisa mostrar a que veio. Se não promover uma reforma ministerial densa e ampla, dando ao governo roupagem técnica e de confiança, teremos mais do mesmo.

Deixando de lado as necessidades políticas de Temer, um governo que tem colaboradores como Henrique Meirelles (Fazenda), Ilan Goldajn (Banco Central), Maria Silvia Bastos Marques (BNDES) e Pedro Parente (Petrobras) não pode ter Ricardo Barros (PP-PR) na Saúde e Marcos Pereira (pastor e presidente do PRB) no Desenvolvimento.

Não se trata de duvidar da honestidade dos últimos dois, mas de questionar a competência de ambos para as pastas às quais foram indicados. O Brasil precisa de reformas profundas, as quais só vencerá a dura resistência da opinião pública se propostas por pessoas reconhecidamente competentes em suas respectivas áreas. A o resgate da confiança que o País tanto precisa não é apenas na área econômica (o calcanhar de Aquiles do governo), mas no seu todo.

Diante desse quadro, não se pode aceitar a ideia de que políticos preocupados apenas com os próprios interesses ou partidários assumam setores importante de um governo que precisa levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. Tarefa absolutamente difícil e desafiadora. Não será com fisiologismo político que isso se dará, mas com austeridade e coragem para promover mudanças, a começar pela equipe ministerial.

O primeiro passo é colocar o cabresto na base governista, porque a oposição promete ricochetear como cavalo de rodeio. O tempo urge – e Michel Temer sabe disso, pois disse ter pela frente apenas dois anos e quatro meses –, por isso as mudanças devem começar já, antes que seja tarde.

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