Antes de falar sobre a política brasileira, papa precisa acabar com a corrupção no Vaticano

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O presidente Michel Temer deve deixar o malabarismo interpretativo de lado ao decifrar as mensagens do argentino Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco. No último sábado (3), durante inauguração de uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, Francisco disse que o Brasil enfrenta um “momento triste”. O pontífice aproveitou a oportunidade para anunciar que dificilmente visitará o Brasil em seu próximo périplo pela América Latina, marcado para 2017.

“Estou contente que a imagem de Nossa Senhora Aparecida esteja nos jardins. Em 2013, eu tinha prometido voltar ao Brasil. Não sei se será possível, mas, pelo menos, agora terei [a santa] mais perto de mim”, disse o papa. Na sequência, o religioso invocou orações “para que Nossa Senhora Aparecida siga protegendo todo o Brasil, todo o povo brasileiro, neste momento triste”.

Entre o que diz o chefe da Igreja Católica a respeito do momento político brasileiro e o que de fato ocorre no País há uma enorme distância. Temer tentou minimizar as palavras de Francisco, dizendo que o papa fizera referência às depredações ocorridas em algumas capitais brasileiras durante protestos contra o impeachment, mas não foi essa a intenção do líder cristão.

Historicamente um ativista de esquerda, Francisco é ligado a diversos movimentos sociais da América Latina. Tal ideologia obrigou-o a dedicar recepção não tão simpática ao Mauricio Macri, quando o presidente argentino visitou o Vaticano. Francisco é um chefe de Estado, não há como contestar, mas ao mesmo tempo é o representante maior dos católicos E nessa condição não pode fazer distinções a partir de ideologias políticas.


Macri derrotou o kirchnerismo nas urnas, o que desagradou Bergoglio, que preferia ver a Argentina mergulhada no caos, desde que um presidente alinhado à esquerda estivesse na Casa Rosada. Acontece que Cristina de Kirchner arruinou a Argentina em todos os sentidos, levando o país sul-americano a uma crise sem precedentes, sempre maquiada pelo populismo e pela mentira oficial.

Em 2 de agosto, o papa Francisco enviou uma carta a Dilma Rousseff em que externou seu apoio. A agora ex-presidente da República, que prefere passar longe do Catolicismo, disse que “não foi uma carta oficial”. “Não foi uma carta do papa em sua condição de representante do Vaticano. Não tem importância [o conteúdo]. Não é uma carta para ser divulgada”, completou a petista na ocasião.

O papa Francisco fala em voltar a atenção aos pobres e aos mais necessitados, por isso deveria conhecer um pouco mais acerca do estrago produzido pelo PT antes de escrever cartas ou falar em “momento triste”. Se na cena nacional há alguma tristeza, essa foi patrocinada pelo período mais corrupto da história do País (leia-se Lula e Dilma), que resultou em gravíssima crise econômica e assalto deliberado aos cofres da Petrobras.

Francisco pode até defender a tese bandoleira de que os fins justificam os meios, mas antes de qualquer menção ao Brasil o pontífice deveria acabar com a corrupção que grassa nos intramuros do Vaticano. Começando por uma profunda faxina no Istituto per Le Opere di Religione (IOR), popularmente conhecido como Banco do Vaticano, que durante décadas funcionou com lavanderia do dinheiro da máfia italiana e de traficantes internacionais de drogas.

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