Ministro da Casa Civil age como “dono” do governo e exige que advogado-geral da União se demita

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Se o presidente Michel Temer (PMDB) não colocar urgentemente o cabresto na sua equipe, em especial no núcleo duro do governo, a chance de o peemedebista ter problemas em breve é enorme. A quinta-feira (8) caminha para suas horas derradeiras quando o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, chamou ao Palácio do Planalto o advogado-geral da União, Fabio Medina Osório. Durante o encontro, nada agradável, Padilha pediu que Osório se demitisse.

O chefe da Casa Civil alegou que a atuação do AGU não combina com a toada do governo. Pesou para a inesperada decisão o pedido de Osório para ter acesso aos inquéritos de políticos flagrados na Operação Lava-Jato, sem comunicar com antecedência ao Planalto.

Fabio Osório negou o pedido do ministro e disse que se o objetivo do governo é demiti-lo, que o presidente da República assuma a missão. Como sempre acontece na esfera pública, sobram informações acessórias para justificar um mal-estar ou uma demissão iminente.

Osório enfrenta dificuldades desde a sua nomeação para o cargo, ainda no governo interino, mas não se pode repreender um advogado-geral que busca informações sobre desvio de dinheiro público para, no futuro, cobrar em nome da União o devido ressarcimento.


Se esse é o motivo para colocar o AGU na “frigideira”, então procede a afirmação do senador Romero Jucá (PMDB-RR), que em gravação diz que é preciso “estancar a sangria”, em referência a eventual contingenciamento da Lava-Jato.

As informações sobre os escândalos da Operação Lava-Jato são públicas e as que ainda estão sob sigilo em breve mudarão de status. A questão é que no olho do maior esquema de corrupção de todos os tempos o PMDB tem lugar de destaque, ao lado do PT.

Eliseu Padilha, como se sabe, é peemedebista de longa data e não será agora, como titular da Casa Civil, que agirá para implodir o partido ou permitirá que alguém o faça em nome do governo, que é do PMDB.

Ao assumir a Presidência, ainda como interino, Michel Temer garantiu que a Lava-Jato seguiria seu curso normal e que os interesses da nação prevaleceriam durante sua gestão. E a população exige que seja devolvido o dinheiro roubado dos cofres da Petrobras.

Se Temer não tem pulso para decidir sobre o futuro do AGU, que pelo menos admita que Eliseu Padilha é quem manda no governo. A Casa Civil já teve seus dias de glória com ministros mais habilidosos.

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