Derrota comunista

(*) Ipojuca Pontes

ipojuca_pontes_14Os comunistas foram fragorosamente derrotados no plebiscito costurado na Ilha Cárcere para livrar a cara das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), bando narcoterrorista que há mais de cinco décadas vem detonando a vida da Colômbia e da América Latina. Para quem ignora os fatos, as Farc atuavam (e atuam) como braço armado do Partido Comunista Colombiano. De início, eram apenas um projeto esboçado durante os motins de “el Bogotazo”, em 1948, mas tornado trágica realidade dezessete anos depois sob o comando de Manuel Marulanda Velez, o “Tirofijo”, índio astucioso que entrevistei no final dos anos 1960 para documentário produzido pela TV alemã sobre as guerrilhas virulentas que, já então, tomavam conta do noticiário internacional.

(Uma pergunta: “Tirofijo” por quê? Bem, para desencadear a guerra de guerrilha na Colômbia, Marulanda e asseclas se apropriaram de um vastíssimo corredor de terras que atravessa boa parte do norte do país. Sua tática consistia em ocupar o alto dos morros próximos às estradas (“carreteras”). De lá, ele próprio, com incrível precisão, atirava nos motoristas que se recusavam a pagar pedágio. Dos que procuravam fugir da “contribuição”, Tirofijo, para dar o “bom exemplo”, cortava a garganta do recalcitrante e puxava a língua pela glote, compondo, no cadáver, uma máscara de horror. Depois de fotografá-los, mandava imprimir e distribuir cartazes de suas vítimas mundo afora).

Foi exatamente assim que as Farc, hoje uma das mais ricas e poderosas organizações criminosas do mundo, se impôs na América Latina.

Muito bem, voltemos à vaca fria. Como sabem todos, inclusive os comunistas, o que o povo colombiano repudiou no plebiscito não foi o badalado acordo de paz, sempre bem-vindo, mas, sim, a nefasta armação castrochavista bolada para fazer das Farc um arremedo do PT dentro da Colômbia. (Não esquecer que um dos primeiros atos de Juan Manuel Santos – presidente tido e havido como traidor – foi receber Hugo Chávez no Palácio Narino propondo, por baixo do pano, a legalização política do exército terrorista e sua transformação em organização partidária).

De fato, inculpar o bando terrorista dos milhares de crimes (hediondos) cometidos ao longo de cinco décadas, e ainda por cima declarar seus integrantes como habilitados para disputas eleitorais e o livre exercício do poder político seria o mesmo que cuspir na cara (e na alma) do povo colombiano.

Como esperado, os colombianos não se deixaram lograr pelas manobras fraudulentas de Santos e corriola. De fato, como poderia a população da Colômbia esquecer décadas de violência, sequestros, torturas, assassinatos em massa, narcotráfico, contrabando de armas, ocupação de terras pela força, roubo de cargas, bombardeios, incêndios, pagamento de pedágios, assaltos, estupros e devastações sem fim? Impossível. Passar por cima de semelhantes monstruosidades seria, no mínimo, um ato de alta traição. Assim, não derrotar pelo voto a farsa tramada em Havana (logo onde, meu Deus!) sob a orquestração capciosa de embusteiros fanáticos como Fidel, Raul, “Timochenko” e a anuência criminosa de Juan Manuel Santos – e, pior, sem um único representante do lado oposto – seria o mesmo que baixar a cabeça diante do algoz e aceitar como legais a perfídia, o logro e a servidão.

Conforme previsível, a mídia esquerdista mostrou-se frustrada com a vitória indiscutível do “não”. Diante do fato, foi de um cinismo colossal. Seus analistas e “formadores de opinião”, sem considerar a dor dos colombianos, torceram e distorceram tudo ao sabor das próprias aspirações ideológicas. E, tal como no caso do referendo em que o Reino Unido votou contra sua permanência na falida União Europeia, e derrotou na bucha a burocracia socialista de Bruxelas, a mídia amestrada cegou para a realidade mais elementar e desconsiderou o fato de que o colombiano devota desde sempre um profundo horror às Farc e ao Partido Comunista.

Simples assim.

PS – Segundo a contabilidade da oposição, as Farc, que já financiaram com polpudos dólares do narcotráfico as campanhas presidenciais de Lula e Hugo Chávez, via o “embaixador” Olivério Medina, têm escondidos e não declarados, por baixo, só em Cuba, mais de US$ 250 bilhões.

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(*) Ipojuca Pontes, ex-secretário nacional da Cultura, é cineasta, destacado documentarista do cinema nacional, jornalista, escritor, cronista e um dos grandes pensadores brasileiros de todos os tempos.

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