Hotel de Trump tem dívida de R$ 2,5 mi com o Comitê Rio 2016; empreendimento é alvo de investigação

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O Trump Rio, hotel que pertence ao bilionário e presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, tem dívida de cerca de R$ 2,5 milhões com o Comitê Rio 2016.

O único hotel de Trump no Brasil foi inaugurado este ano na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e recebeu aporte do comitê para que pudesse funcionar a tempo dos Jogos. Contudo, não entregou todos os quartos dentro do prazo estipulado. Agora, o comitê da Olimpíada cobra essa dívida.

O Trump Hotel confirma a dívida e o atraso na conclusão das obras. Destaca, ainda, que entregou 60% das acomodações no prazo. Entretanto, afirma que o valor devido ainda está sendo negociado, e que será pago.

Fumaça de sobra

O Ministério Público Federal (MPF) investiga, no âmbito da Operação Greenfield, investimentos supostamente criminosos que têm relações, entre outros, com o grupo econômico “The Trump Organization”, do presidnete eleito dos EUA, o FI-FGTS e entidades de previdência.

A Procuradoria da República do Distrito Federal informou à Justiça Federal que um fundo de investimento criado pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e administrado pela Caixa Econômica “favoreceu de forma suspeita o grupo econômico The Trump Organization”.

A apuração acontece a partir de Procedimento Investigatório Criminal (PIC) e também de Inquérito Civil (IC). O Procedimento Investigatório é sigiloso, ao passo que o Inquérito Civil é público. Apesar de ambos os procedimentos, o MPF destaca a inexistência de culpa antecipada dos possíveis envolvidos, assim como não há posicionamento definitivo da instituição acerca de eventuais ilegalidades;


Operação Greenfield

A Operação Greenfield, deflagrada em 5 de setembro de 2016, tem por objetivo investigar possível organização criminosa que desfalcou os cofres de Fundos de Pensão no Brasil por meio de investimentos temerários e fraudulentos. Dos dez casos investigados na primeira fase da Greenfield, oito casos tratam de investimentos por meio de FIPs – Fundos de Investimento em Participações.

Os procuradores da República já identificaram Paulo Figueiredo Filho, neto do ex-presidente João Batista Figueiredo, como sendo o responsável por idealizar o Trump Hotel.

Ex-assessor do prefeito Eduardo Paes, do Rio de Janeiro, Paulo Figueiredo associou-se nessa empreitada a Ricardo Soares, conhecido como Gordo. O foco da parceria era atrair para o negócio o empresário Arthur Soares, o Rei Arthur, e os fundos de pensão Serpros e Igeprev.

O tal “Gordo” é velho conhecido das autoridades brasileiras por ter operado nos bastidores para viabilizar o aporte de recursos dos mesmos fundos de pensão em outros negócios além de suspeitos.

Em despacho, de 28 de outubro passado, o MPF, ao justificar a abertura da investigação, destaca:

“Conforme foi mencionado anteriormente, o FIP LSH foi constituído como “FIP Proprietário” (não sendo, portanto, um tradicional “FIP portfólio”) a fim de deter as ações da companhia LSH BARRA EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S.A., cujo responsável e gestor é o empresário Paulo Figueiredo Filho. Segundo o relatório de auditoria independente da BDO RCS Auditores Independentes, de 27 de junho de 2016, a referida companhia foi criada a fim de viabilizar um ‘empreendimento (hotel)’ que tinha ‘previsão de início de suas operações no decorrer do segundo semestre de 2016’. Trata-se, segundo informações públicas, do Trump Hotel Rio de Janeiro, cuja construção foi anunciada em janeiro de 2014, em conjunto com o grupo THE TRUMP ORGANIZATION, controlado pelo empreendedor Donald John Trump, com atuação no Brasil capitaneada pelo Vice-Presidente Executivo de Construções e Aquisições da holding, Donald Trump Jr. Também segundo informações públicas, a construção do Trump Hotel Rio de Janeiro demandaria o investimento (“CAPEX”) de R$ 200.000.000,00. Contudo, de acordo com o já citado relatório de auditoria independente da BDO RCS Auditores Independentes, o FIP LSH apresenta o valor contábil de R$ 332.835.000,00, o que vem a ser um valor 65% acima do que originalmente foi divulgado (em 2014) como valor do empreendimento”.

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