Operação Calicute: investigação mostra que Sérgio Cabral apostou na impunidade ao agir com displicência

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“Nunca antes na história deste país” viu-se tantos escândalos de corrupção como agora. Infelizmente, no Brasil a política só consegue existir à sombra da roubalheira, algo que o UCHO.INFO denuncia há pelo menos quinze anos.

A prisão de Sérgio Cabral Filho (PMDB), ex-governador do Rio de Janeiro, já era esperada, mas a concretização da mesma no rastro da Operação Calicute (desdobramento da Operação Lava-Jato) mostra o grau de degradação da política nacional. A ousadia de Cabral, classificado pelos investigadores como chefe de uma organização criminosa que desviou R$ 244 milhões dos cofres públicos por meio de propinas pagas por empreiteiras, fica evidente no modus operandi que marcou o pagamento de propina.

Fanfarrão conhecido e apostando na impunidade, Cabral recebeu pouco mais de R$ 40 milhões em propinas pagas pelas empresas Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia, que foram beneficiadas em obras públicas, algumas financiadas com verbas federais, como a reforma do Estádio Mário Filho, o Maracanã, o Arco Metropolitano e o PAC das Favelas.

Parte do dinheiro da propina foi depositada na conta bancária do ex-governador do Rio de Janeiro, além dos valores recebidos em espécie. Ou seja, Cabral Filho é não apenas um quadrilheiro e líder do bando, mas amador a ponto de não se importar com o rastro do próprio banditismo.


Se a força-tarefa da Operação Lava-Jato recuar no tempo e vasculhar as obras para os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, realizados em 2007, por certo encontrará novos escândalos de corrupção, já que o orçamento inicial para o evento esportivo era de R$ 386 milhões, mas ao final a conta ultrapassou a marca de R$ 5 bilhões. Em suma, milagre da multiplicação na seara do mal.

É importante salientar que o escândalo do Pan do Rio foi tão acintoso, que muitos políticos foram beneficiados com o desvio de verbas, alguns deles tendo usado o produto do crime no financiamento de campanhas eleitorais.

Em relação ao esquema de corrupção envolvendo a reforma do Maracanã, uma investigação mais minuciosa poderá chegar a nomes de cartola do futebol brasileiro, sendo que alguns desses alarifes já não saem do Brasil, nem mesmo pela Ponte da Amizade, como receio de serem presos por ordem de autoridades internacionais. A reforma do estádio que foi palco da final da Copa do Mundo de 2014 tinha orçamento inicial de R$ 600 milhões, mas ao final a conta ficou perto de R$ 1 bilhão.

Não se pode esquecer que o atual governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), foi vice de Sérgio Cabral e secretário estadual de Obras do Rio de Janeiro. Em outras palavras, Pezão há muito deve estar com as “brabas de molho”, pois o radar da Operação Calicute ainda está em funcionamento.

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