Operação Calicute: prisão de Cabral dissemina pânico e tensão nos corredores do Palácio do Planalto

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Alguns analistas políticos brasileiros, que conseguem enxergar o que não existe, foram atropelados na manhã desta quinta-feira (17) pela Operação Calicute (desdobramento da Operação Lava-Jato), que prendeu o ex-governador Sérgio Cabral Filho, do Rio de Janeiro, acusado de organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro.

As apostas dos analistas, até a noite anterior era de que o avanço das investigações da Lava-Jato dificilmente subiria a rampa do Palácio do Planalto no vácuo da colaboração coletiva da Odebrecht, que conta com a adesão de dezenas de executivos e ex-funcionários da empreiteira baiana. A alegação era de que a eventual homologação da delação premiada coletiva acontecerá em meados do primeiro semestre de 2017, quando faltará pouco mais de um ano para o fim do mandato do presidente Michel Temer.

Entre o que afirmavam os especialistas (sic) e a realidade há uma grande diferença. Ademais, não foi por acaso que o UCHO.INFO, em matéria publicada na última terça-feira (15), afirmou que Temer, ao comentar sobre eventual prisão do ex-presidente Lula, advogou em causa própria.


Fato é que Sérgio Cabral puxou a fila do PMDB, que até agora só tinha se preocupado com a prisão do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que diante do cipoal de crimes cometidos deverá, em breve, contar o que sabe sobre o maior esquema de corrupção. Não se pode ignorar que Cunha sempre foi ligado a Michel Temer e momentos antes de sua prisão, em Brasília, telefonou para o Palácio do Planalto em busca de ajuda.

O clima de tensão que impera nos corredores palacianos não é dos mais suaves, mas a situação deve piorar sobremaneira nas próximas semanas com a delação conjunta da Odebrecht, que pode colocar no olho do furacão o nome do presidente da República. Com esse cenário projetado, o brasileiro pouco pode esperar de um governo cujos principais cargos foram entregues a políticos envolvidos em casos de corrupção e alvo de investigações.

Apenas para registrar, Michel Temer escapou de um vexame político com a anulação, em 2011, da Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal, poder decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A Operação Castelo de Areia apreendeu documentos referentes à contabilidade paralela da empreiteira Camargo Corrêa, que trazia nomes de vários políticos destinatários de propinas, dentre eles o de Michel Temer.

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