Lava-Jato: delação da Odebrecht entra na fase das assinaturas e já causa temor no meio político

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Podendo arrastar para o olho da Operação Lava-Jato duas centenas de parlamentares, pelo menos dez ministros de Estado e alguns governadores, o acordo coletivo de colaboração premiada da Odebrecht entrou na reta final. Ou seja, está na fase de assinaturas, o que deve terminar na próxima sexta-feira (25), já que o acordo prevê a delação de aproximadamente oitenta funcionários e ex-executivos da empreiteira baiana.

Os advogados da Odebrecht passaram este quarta-feira (23) em Brasília, onde acertaram os detalhes finais do acordo com a Procuradoria-Geral da República. O principal delator no âmbito da empreiteira é o ex-presidente e herdeiro do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, que está preso em Curitiba desde junho de 2015. Marcelo negociou pena de no máximo dez anos de prisão, sendo que cumprirá mais um ano em regime fechado. Em outras palavras, migrara para o regime de prisão de domiciliar, com direito a tornezeleira eletrônica, no final de 2017.

A colaboração premiada da Odebrecht era inevitável, mas muitos dos envolvidos no maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão, apostavam no silêncio de Marcelo Odebrecht, que foi convencido por familiares e advogados a revelar o que sabe sobre a monumental roubalheira que teve lugar na Petrobras e durou pelo menos uma década.

Com a delação da Odebrecht, muitos políticos terão seguidas semanas de insônia, até que o ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), homologue o acordo. Para que isso ocorra, os delatores, a partir de agora, terão de repassar às autoridades informações detalhadas sobre o esquema de corrupção e o pagamento de propinas a políticos. Essas informações devem estar acompanhadas de provas ou serem passiveis de checagem e comprovação.


Considerando que o Petrolão só passou a existir por conta da conivência de Lula, a situação do ex-presidente da República deve piorar muito de agora em diante. Isso porque a força-tarefa da Lava-Jato tem em mãos muitas provas sobre o envolvimento do petista com a empreiteira da família Odebrecht. Um dos pontos polêmicos das investigações na seara de Lula que será esclarecido na esteira da delação da Odebrecht é o caso do Sítio Santa Bárbara, em Atibaia, classificado pelo UCHO.INFO como a pedra maior no caminho do ex-metalúrgico.

Entre os políticos mencionados pelos delatores nas tratativas com a força-tarefa da Lava-Jato estão o presidente Michel Temer (PMDB), os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT), o ministro das Relações Exteriores José Serra (PSDB), governadores, deputados e senadores.

Maior empreiteira do País e envolvida no esquema de corrupção de maneira impressionante, a Odebrecht proporcionará aos corruptos momentos de tensão explícita a partir da deleção, obrigando muitos dos envolvidos a se prepararem psicologicamente para ver desmoronar as respectivas trajetórias políticas (sempre questionáveis), com direito a brincar o Carnaval do próximo ano com a fantasia de “Irmãos Metralha”. E haja estoque de ansiolíticos para fazer frente ao desespero dos malandros com mandato.

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