Delinquentes espalham na internet que liberação de corpos na Colômbia atrasou para atrapalhar protesto

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É preciso saber diferenciar atitude política com oportunismo barato. E no Brasil, infelizmente, sobram oportunistas sempre dispostos a ocupar o posto de Aladim da modernidade. O País está de luto e profundamente entristecido com a tragédia ocorrida com o avião que transportava a equipe da Chapecoense, dirigentes do clube e jornalistas brasileiros, mas há pessoas que conseguem transformar mentiras rasteiras em verdades supremas. Mas essa metamorfose tem prazo de validade curto.

A mais nova sandice a circular pela rede mundial de computadores dá conta que os políticos brasileiros trabalharam nos bastidores para atrasar ao máximo a liberação das vítimas, em Medellín, como forma de comprometer o protesto agendado para o próximo domingo (4) em todo o País. Se os organizadores da manifestação temem eventual fracasso, que coloquem os neurônios para funcionar, pois não será dessa maneira sórdida, a reboque de um espetáculo de mitomania explícita, que as ruas estarão repletas de indignados com a classe política.

A mensagem que circula na internet afirma que a competência que a Colômbia esbanja permitiu a liberação dos corpos das vítimas em tempo reduzido, mas que as autoridades brasileiras atrapalharam a logística do traslado para fazer com que o velório coletivo, que terá lugar na Arena Condá, em Chapecó (SC), ocorresse somente no domingo. A delinquência intelectual é tão avassaladora, que os gênios que prestaram-se a essa canalhice sequer sabem que o velório acontecerá no sábado (3).

De igual modo, esses detratores profissionais da honra alheia, que desrespeitam de forma flagrante a dor das famílias das vítimas, desconhecem as dificuldades decorrentes de um acidente aéreo dessa magnitude.

Sem dúvida os colombianos colaboraram de forma exemplar e irretocável, assim como deram inequívocas demonstrações de solidariedade e humanidade, mas os corpos dos cinquenta brasileiros que morreram no desastre aéreo só deixaram o território da Colômbia na tarde desta sexta-feira (2) porque o governo brasileiro enviou a Medellín um “exército” de autoridades.


Diplomatas e servidores da Embaixada do Brasil em Bogotá foram deslocados a Medellín para auxiliar na identificação e liberação dos corpos. Outras autoridades seguiram do Brasil para a cidade que foi palco da tragédia. Se esse esforço é um movimento para boicotar as manifestações do próximo domingo, que os marginais cibernéticos expliquem o que é empenho.

Ademais, deixando de lado a complexidade que surge de um acidente como o ocorrido com o avião da Chapecoense, a identificação e liberação de corpos de vítimas de desastres aéreos têm regras e procedimentos padrões, no âmbito internacional, além de exigirem cuidados redobrados. Porém, considerando a dimensão do acidente e as dificuldades de acesso ao local da tragédia, a liberação dos corpos aconteceu em tempo inimaginável, inclusive por causa da participação das autoridades brasileiras.

No momento em que o Brasil precisa de bom senso e parcimônia, até porque a crise política já tem produzido sandices em quantidade impressionante, alguns alarifes apostam no terrorismo cibernético como forma de abrir caminho para a mudança do status quo. Na verdade agem de maneira idêntica aos políticos, que na madrugada da última quarta-feira (30), aproveitando a consternação que se abateu sobre o País no rastro do acidente com a Chapecoense, aprovaram um conjunto de medidas que favorece a continuidade da ditadura da corrupção em que vivemos.

A ousadia desses bandidos metidos a gênios revolucionários (sic) é tamanha, que no rodapé da mensagem destacam a seguinte frase: “As pessoas precisam saber como as coisas funcionam nesse país”. Este noticioso tem cabedal de sobra para querer saber o que passa na massa cinzenta desses covardes que creem ter a solução para os problemas brasileiros. Não passam de um grupelho desclassificado que desconhece o que é razão, coerência, respeito e boa informação.

Para finalizar, sem que a indignação esvaia-se junto, é difícil saber o que é pior para o País e em termos de respeito ao próximo: um ladrão contumaz que usa o mandato eletivo como arma ou um delinquente que usa o raciocínio (sic) para promover mudanças. Lamentavelmente, essa pergunta não é como volante da loteria esportiva, que contempla os indecisos com a coluna do empate.

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