Financial Times perde a compostura e elege a petista Dilma Rousseff como uma das mulheres do ano

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Apeada da Presidência da República por crime de responsabilidade, a petista Dilma Vana Rousseff foi escolhida como uma das mulheres do ano pelo jornal britânico Financial Times. A petista ainda concedeu uma entrevista exclusiva ao veículo, publicada nesta quinta-feira (8).

Ao lado de Dilma aparecem personalidades como a primeira-ministra britânica, Theresa May, a ex-candidata democrata à Casa Branca Hillary Clinton, a presidente sul-coreana Park Geun-hye (também alvo de impeachment), a parlamentar britânica Jo Cox, assassinada em junho, a cantora americana Beyoncé Knowles, entre outras.

“Para uma mulher que acabou de suportar um duro período de seis meses de julgamento político, que resultou em seu impeachment, a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff parece surpreendentemente relaxada”, escreve Joe Leahy, chefe da sucursal do Financial Times no Brasil, logo no início do texto.

Durante longa entrevista, concedida em hotel de Porto Alegre, a ex-presidente foi de assuntos leves, como sua nova paixão pelo ciclismo – “a melhor coisa que um ser humano pode fazer é pedalar”, disse – a críticas sobre a PEC do teto de gastos públicos e o sexismo no mundo político.

“Quando você é uma mulher no poder, eles dizem que você é dura, fria e insensível, enquanto um homem na mesma posição é forte, firme e encantador”, disse a petista, brincando ter sido frustrante ser taxada como “ogra”, enquanto os homens na política brasileira “tinham cheiro de rosas”.

No texto em que faz um perfil de Dilma, Leahy, que ignora a forma truculenta como a petista exercia o cargo nos bastidores, afirma que a ex-presidente ainda deve estar chocada com a reviravolta de sua trajetória política – que, segundo o jornalista, combina com a trajetória brasileira, “indo de um milagre econômico de mercado emergente a um desapontamento em poucos anos”.

O jornal ressalta o contraste com seis anos atrás, quando a avaliação de seu governo “fazia inveja a qualquer líder mundial”. “Ela foi a mulher que finalmente quebrou o teto de vidro na política brasileira, que se fez campeã das minorias e dos pobres através de programas sociais”, diz o texto.


O jornalista do Financial Times só não teve coragem de afirmar em seu texto que Dilma não apenas arruinou a economia brasileira em pouco mais de quatro anos, fruto de uma política populista e mentirosa, mas atirou na vala da crise um povo que não mais aceita “achismos” como forma de governança.

Joe Leahy descreve que Dilma – “uma ex-marxista que chegou ao poder em 2010 com o apoio daquele que era um dos movimentos operários mais bem-sucedidos do mundo, o PT” – mostra indignação nervosa a qualquer menção sobre o governo de Michel Temer, que a substituiu no Palácio do Planalto.

O artigo peca ao classificar Dilma como outrora adepta de Karl Marx, pois a maneira como conduziu seu governo mostra que a ideologia do líder comunista prevaleceu durante todo o tempo. Principalmente com a cooptação de eleitores por meios de programas sociais que não disponibilizam uma porta de saída, mas que serviram como instrumento de criação e manutenção de um escandaloso curral eleitoral.

“É um governo de homens brancos, velhos e ricos, ou que pelo menos querem ser ricos”, disse ela, insinuando uma longa lista de acusações de corrupção contra membros da coalizão de Temer.

A petista falou sobre a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 55, antiga PEC 241, classificando o projeto como loucura. “Durante uma recessão, uma política de austeridade é suicídio”, afirmou. A proposta, uma das prioridades do atual governo, fixa um teto para os gastos públicos pelos próximos 20 anos. “No curto prazo, você tem que aumentar o investimento público.”

Ademais, Joe Leahy erra ao não mencionar no texto a responsabilidade de Dilma Rousseff em relação ao avanço do Petrolão, maior esquema de corrupção da história da humanidade, que transformou seus “camaradas”, todos “brancos e velhos”, em ricos que criminosamente surrupiaram o dinheiro da Petrobras.

Sobre o futuro, Dilma declarou que não disputará mais qualquer cargo eletivo, mas continuará “politicamente ativa”. Ela é membro do conselho da Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, e afirmou que pretende viajar mundo afora para informar sobre o retrocesso imposto pelo governo Temer, como se o seu governo tivesse produzido algum tipo de avanço. (Com agências internacionais)

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