Governo sírio interrompe retirada de civis e rebeldes do leste de Aleppo

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O governo da Síria, comandado pelo ditador Bashar al-Assad, suspendeu nesta sexta-feira (16) a retirada de civis e combatentes do leste de Aleppo, acusando a oposição de violar o acordo, informou uma fonte do setor de segurança.

De acordo com um correspondente da agência de notícias AFP, houve tiros e explosões em Ramussa, bairro mantido pelo governo do qual os civis estavam sendo evacuados. O jornalista disse que os ônibus e as ambulâncias que esperavam para coletar moradores partiram vazios. “A operação de evacuação foi suspensa porque os militantes não respeitaram as condições do acordo”, disse a fonte do setor de segurança à AFP.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou que as ambulâncias e veículos que eram utilizados para o transporte de pacientes tiveram de deixar o território sem nenhuma explicação prévia.

A televisão estatal da Síria também confirmou a informação, afirmando que os grupos rebeldes “violaram o acordo e tentaram contrabandear armas pesadas e reféns do leste de Aleppo”.

A representante da OMS na Síria, Elizabeth Hoff, acredita que a mensagem para abortar a operação tenha sido enviada pelos russos que estão monitorando a área. Sua equipe de nove funcionários no leste de Aleppo não teve contato com as autoridades sírias no local.

O chefe regional do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Robert Mardini, confirmou que “infelizmente, a operação foi suspensa”. Em seu perfil no Twitter, Mardini fez um apelo a ambas as partes para que a operação de evacuação seja retomada em segurança. “Nós pedimos às partes para garantir que a operação possa ser relançada e proceder nas condições adequadas”, destacou na mensagem.


O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), baseado no Reino Unido, disse que a suspensão é uma tentativa de pressionar os rebeldes a permitir evacuações de duas vilas controladas pelo regime, mas que estão sob o cerco da oposição.

“Ahrar al-Sham e outros grupos rebeldes impediram que ônibus e ambulâncias entrassem em Fuaa e Kafraya, apesar de prometer aos turcos que deixariam a evacuação prosseguir”, disse o diretor do Observatório, Rami Abdel Rahman.

De acordo Rahman, os combatentes pró-governo também estavam bloqueando a rota para fora da cidade, numa tentativa de pressionar os rebeldes para permitir a evacuação de Fuaa e Kafraya. As duas vilas de maioria xiita ficam na província de Idlib, que desde 2015 é em grande parte controlada por grupos rebeldes.

Evacuação

O governo da Síria e seu aliado, o Irã, teriam bloqueado a implementação inicial da evacuação de Aleppo na última quarta-feira (14), até que fosse aceito um acordo para permitir que os feridos e doentes deixassem as vilas. A operação para a retirada de civis e dos combatentes restantes no leste de Aleppo começou na tarde desta quinta-feira e avançou noite adentro.

O OSDH disse que cerca de 8,5 mil pessoas já deixaram a cidade, seguindo para território rebelde no oeste da província. O Exército iniciou uma operação para reconquistar Aleppo em meados de novembro e, antes do início da retirada de pessoas, já havia retomado mais de 90% do antigo território rebelde.

Truculento e covarde, Bashar al-Assad tornou-se refém do governo do russo Vladimir Putin, que vem não apenas apoiando a ditadura que reina na Síria, mas promovendo uma verdadeira carnificina na mais importante cidade do país, Aleppo.

A participação criminosa de Putin nessa investida contra civis e rebeldes em Aleppo rendeu à Rússia a prorrogação das sanções econômicas por parte da União Europeia. A comunidade internacional já classifica as consequências da ingerência russa na Síria como crimes de guerra.

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