Após inspeção “rigorosa” na Penitenciária de Alcaçuz, presos voltam a circular com armas e celulares

(Foto: José Aldenir)
(Foto: José Aldenir)

A inspeção minuciosa promovida na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, cidade da região metropolitana de Natal, foi uma ação midiática que serviu para passar à opinião pública a ideia de que o governo do Rio Grande do Norte retomou o controle da unidade prisional, palco de uma rebelião que caminha para o décimo segundo dia. A ação, que contou policiais do Bope, da Tropa de Choque e do Grupo de Operações Especiais (GOE) da Secretaria de Justiça potiguar, foi uma forma de mais uma vez enganar a população local, refém da insegurança.

Informações repassadas por autoridades nesta terça-feira (24) davam conta que momentos antes da entrada dos policiais os presos retornaram às celas e começaram a rezar é uma pitada de dramaturgia na tragédia protagonizada por facções criminosas, situação que já deveria ter sido repelida pelo governo federal com intervenção.

Logo após os policiais deixarem a Penitenciária de Alcaçuz, os presos voltaram a circular livremente pelo pátio, portando armas brancas e celulares, e retornaram aos telhados dos prédios existentes na unidade prisional. Cenário que mostra ter sido um enorme fiasco a anunciada inspeção policial.

Se as forças policiais que adentraram ao presídio nada encontraram nos pavilhões ocupados por duas facções rivais, após revista detalhada, possivelmente esses materiais proibidos foram guardados por alguém da administração local. Do contrário, a revista foi para inglês ver.


O caos que domina os presídios do Rio Grande do Norte cresce assustadoramente com o passar das horas, com direito a represálias por parte de integrantes das facções que encontram-se em liberdade. Com mais de duas dezenas de ônibus incendiados e vários prédios públicos atacados, os criminosos continuam desafiando as autoridades estaduais. A violação da lei e a afronta ao Estado, como um todo, exigem medidas mais duras por parte do Palácio do Planalto, que insiste em acompanhar o desenrolar dos fatos com complacência.

O governador Robinson Faria (PSD) perdeu o poder de mando, mas continua fazendo reiterados pedidos ao governo federal para tentar salvar o que parece não ter salvação. De chofre o presidente Michel Temer autorizou o envio de tropas da Força Nacional de Segurança, que só pode auxiliar no patrulhamento externo dos presídios, mas na sequência policiais das Forças Armadas chegaram a Natal para colaborar no patrulhamento da cidade e na eventual retomada da segurança. Até esta terça-feira, o transporte público não retomou a normalidade.

Enquanto o governo do Rio Grande do Norte não consegue entabular uma ação coordenada para dar uma dura resposta aos integrantes das facções criminosas, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, assinou portaria criando uma força-tarefa de agentes penitenciários. Ora, se essa medida foi necessária, não há mais dúvida de que o governo de Robinson Faria está acuado.

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