Chegada de Edison Lobão à presidência da CCJ do Senado mostra grau de degradação da política

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Como toda investigação, a Operação Lava-Jato tem seus equívocos, mas é impossível negar que tenha produzido resultados positivos. Um deles, que deve durar bom tempo, é a sensível redução do custo das campanhas eleitorais, que já não conta com o dinheiro fácil da corrupção. Com isso, agora só resta o brasileiro saber votar, evitando que marginais recorrentes cheguem ao poder e decidam o futuro da nação.

Com a devida licença de Lula, o dramaturgo do Petrolão, “nunca antes na história deste país” a política alcançou tão avançado nível de degradação moral. Para todo lado que se olha é possível ver um político condenado por corrupção ou investigado pelo mesmo crime e outras transgressões correlatas. Isso porque, até então, o exercício da política era um negócio que exigia elevadas quantias em dinheiro.

A degradação política a que fazemos referência ganhou mais um capítulo pífio nesta quarta-feira (8), na esteira de escolha do senador Edison Lobão (PMDB-MA) para presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde acontecerá a sabatina de Alexandre de Moraes, indicado pelo presidente da República ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Investigado na Operação Lava-Jato, Lobão chegou à presidência da CCJ com o apoio de Renan Calheiros, líder do PMDB no Senado e alvo de uma dúzia de procedimentos judiciais no STF, inclusive no âmbito do Petrolão, o maior esquema de corrupção de que se tem notícia em todo o planeta. Também colaborou com Lobão o ex-presidente José Sarney, que também é alvo da Lava-Jato.

De acordo com os investigadores, Edison Lobão é acusado de integrar um grupo de peemedebistas do Senado que se organizou para fraudar a Petrobras. Além desse imbróglio, Lobão é investigado por desvios nas usinas de Belo Monte e Angra 3, no período em que comandava o Ministério de Minas e Energia, no governo da então presidente Dilma Rousseff.


Para o senador maranhense, investigações “não devem gerar constrangimento para ninguém”. “Se há acusações caluniosas contra mim, é bom que haja investigação para que a denúncia seja arquivada, assim como já ocorreu em outros casos”, completou. Em 2016, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu o arquivamento de dois inquéritos contra o peemedebista no STF.

A situação da política nacional gera extrema preocupação, pois em quase todos os seus escaninhos existem escândalos dos mais variados. Apenas para ilustrar o cenário, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi reeleito contrariando o que determina a Constituição Federal, mas corre o risco de ser ejetado do cargo caso o plenário do Supremo decida não referendar a liminar concedida pelo ministro Celso de Mello.

O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que chegou ao posto por causa de uma troca de cadeiras com Renan Calheiros, foi citado em três delações no âmbito da Operação Lava-Jato. No caso de tornar-se réu em ação penal, Eunício terá de deixar o posto, já que a Constituição impede que políticos nessa condição integrem a linha sucessória da Presidência da República.

Para piorar o que é sabidamente ruim, o presidente Michel Temer também foi citado em delações da Lava-Jato, o que deixa o País a reboque de quadro de instabilidades política e jurídica.

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