Mercado prevê inflação abaixo da meta em 2017, mas estimativa é fruto do acirramento da crise

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Muito tem se falado sobre possíveis sinais de recuperação da economia Brasileia, mas é preciso cautela antes de qualquer comemoração. Depois de dois anos de recessão, com direito a todos os efeitos colaterais que esse tipo de cenário produz, a economia não mudará de rumo com a mesma facilidade com que se vira a página de um livro. O estrago patrocinado pelo PT foi devastador e a recuperação econômica exigirá alguns longos anos de esforço dos brasileiros.

Como faz regularmente, o Banco Central (BC) divulgou nesta segunda-feira (13) ais uma edição do Boletim Focus, que reuniu a opinião dos economistas das cem maiores instituições financeiras em atividade no País. De acordo com s especialistas do mercado, ao final de 2017 a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficará em 4,47%, contra 4,64% da previsão anterior. É a primeira vez em três anos que o IPCA tem projeção abaixo do centro do plano de metas do governo, que é de 4,5%.

Esse movimento em direção ao centro da meta da inflação encontra explicações claras e preocupantes. Os analistas financeiros apostam que, ao final do corrente ano, o Produto Interno Bruto (PIB) fechará em 0,48%, contra 0,49% da estimativa anterior. Não faz muito tempo, as projeções apontavam crescimento de 1% da economia nacional. Isso mostra que a rápida queda da inflação é fruto da dificuldade de recuperação da economia, cenário que leva à redução do consumo.

Em outro vértice da crise está o desemprego, que avança assustadoramente, para o desespero dos brasileiros. De acordo com dados sobre o mercado de trabalho, o desemprego, que já atingiu mais de 12 milhões de pessoas, deve crescer em 2017. Se considerados os números do chamado “desemprego ampliado”, o contingente de brasileiros que estão fora do mercado de trabalho já alcança a marca de 21 milhões de pessoas.


A situação piora com o passar dos dias, já que o governo continua incensando as medidas de ajuste fiscal, mas não sinaliza com a possibilidade de investimentos pesados em infraestrutura, o que de alguma forma reduziria a taxa de desemprego. Ou seja, é preciso resiliência e determinação para esperar a prometida “ponte para o futuro”, tão alardeada pelo presidente Michel Temer, que insiste em sinalizar na direção do passado.

O quadro da economia não é dos mais animadores e joga por terra as estimativas dos mais otimistas. De acordo com estudo do Banco Mundial, até o final deste ano o Brasil terá entre 2,5 milhões e 3,6 milhões de “novos pobres”. A instituição entende como “novos pobres” os cidadãos que estavam acima da linha da pobreza em 2015, mas recuaram ao patamar anterior ou estão prestes a fazê-lo ao longo de 2017. Esse grupo é dominado por adultos jovens, de áreas urbanas, com escolaridade média e que foram expulsos do mercado de trabalho formal em razão do desemprego.

Outro dado alarmante é o número de lojas que fecharam as portas no ano passado. Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em 2016 o comércio varejista perdeu 108,7 mil pontos de venda – o pior resultado desde 2005. No ano anterior (2015), 101,9 mil lojas fecharam em todo o País, o que revela que esse movimento registrou alta de quase 7% de um ano para o outro.

Enquanto isso, os brasileiros que saem às compras básicas encontram preços em curva de alta. Quem vai ao supermercado sabe que os preços dos alimentos subiram de forma sensível, com viés de baixa apenas no caso dos produtos influenciados pela safra. Por outro lado, as reclamações são constantes. O setor de supermercados só não enfrenta o acirramento da crise porque muitas pessoas deixaram de ir a restaurantes, trocando esse hábito pela refeição em casa. Basta verificar a queda na frequência dos restaurantes em todo o País, exceto algumas raríssimas exceções.

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