Campanha de Trump teve seguidos contatos com autoridades russas antes da eleição presidencial

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Para migrar de rasante de águia a voo de galinha, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não precisou mais do que três semanas no comando da maior potência global. Acreditando que a Casa Branca é um mero puxadinho de seus negócios – alguns falidos – e lá pode cometer quantas estupidezes quiser, Trump começa a ver seu castelo de mentiras desmoronar. Afinal, a demissão de Michael Flynn, então assessor especial do governo para assuntos de segurança nacional, começa a produzir efeitos colaterais muito antes do esperado.

O jornal “The New York Times” informou, na terça-feira (14), que ligações telefônicas interceptadas pelo FBI mostram que membros da campanha de Trump tiveram, antes da eleição presidencial, repetidos contatos com os serviços de inteligência russos.

De acordo com funcionários e ex-funcionários do governo dos EUA, que solicitaram anonimato, os contatos foram feitos no mesmo momento em que foi descoberta a tentativa de Moscou de influenciar a corrida à Casa Branca. As fontes, no entanto, não encontraram, por enquanto, evidências de qualquer envolvimento da campanha de Trump no ataque aos computadores do Comitê Nacional do Partido Democrata.

Apesar da ausência momentânea de evidências, as ligações telefônicas chamaram a atenção dos agentes norte-americanos, pois envolveram não apenas membros da campanha, mas pessoas ligadas a Trump, no momento em que o candidato republicano se desmanchava em elogios a Vladimir Putin, presidente da Rússia e ex-agente da KGB.

Em determinado momento da campanha, Trump chegou a sugerir que Moscou deveria roubar e divulgar os e-mails apagados de Hillary Clinton, a candidata democrata que perdeu a disputa por conta da sua conhecida incompetência. Segundo as fontes ouvidas pelo “The New York Times”, os contatos pelo lado russo eram feitos com agentes de inteligência e com membros do governo Putin.


A campanha de Donald Trump, que de forma reiterada combatia o que os adoradores do magnata chamam de “fake news”, sempre negou que tivesse entrado em contato com funcionários do Kremlin. “É mentira”, disse na ocasião Hope Hicks, porta-voz de Trump.

O jornal nova-iorquino afirma que ao menos quatro pessoas estão envolvidas nos contatos com os russos: Paul Manafort, ex-chefe de campanha de Trump; Carter Page, ex-assessor de política externa; Roger Stone, estrategista republicano; e Michael Flynn, defenestrado do cargo de chefe do Conselho de Segurança Nacional por ter mentido deslavadamente sobre os contatos com Moscou, logo após a eleição.

A situação de Donald Trump, que não é das melhores desde a posse, deve piorar sobremaneira com o passar dos dias, principalmente porque os ataques chulos e gratuitos à imprensa americana produzirão efeitos colaterais graves. Isso significa que não se deve descartar a possibilidade de Trump ser investigado pelo Congresso por causa do primeiro escândalo do seu governo.

Assuntos relacionados à segurança do país são extremamente importantes aos norte-americanos e levados a ferro e fogo pelos congressistas, que já sinalizam com possível investigação.

De tal modo, é importante relembrar que o jornal “The Washington Post”, que puxou a fila no cão de Michael Flynn, foi responsável pela investigação que levou à queda de Richard Nixon, no rastro do escândalo conhecido com Watergate. Aliás, o imbróglio envolvendo Flynn já está sendo chamado nos EUA de “Russiagate”.

Para quem sugeriu que Hillary Clinton deveria ser presa por ter usado um servidor de e-mails privado durante o período em que esteve secretária de Estado dos EUA, Trump é o que se pode chamar de Olimpo da mentira.

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