Envio de tropas militares ao RJ é justificado por declarações desconexas que tropeçam na realidade

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Há uma clara desconexão nos discursos das autoridades que tentam explicar o envio de tropas federais ao Rio de Janeiro, onde a crise financeira aliou-se à insegurança pública, que na opinião dos governos estadual e federal está dentro da normalidade e da ordem. Como ninguém sabe o que esses políticos entendem por normalidade, boa parte do segundo mais importante estado da federação estar dominado pelo crime organizado pode ser um cenário em que prevalece a ordem e a lei.

Governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão tenta equacionar a tragédia financeira fluminense com o governo federal, mas enquanto isso não acontece pede ao presidente Michel Temer o envio de militares para garantir a segurança no estado. Ora, se Pezão e o ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmam que 97% do efetivo da Polícia Militar do Rio de Janeiro estão nas ruas, é desnecessária a participação de forças federais no patrulhamento. Do contrário, algo mais grave acontece no Rio, sem que a opinião pública tenha conhecimento dos fatos.

Na terça-feira (14), os primeiros militares chegaram ao Rio e fuzileiros navais puderam ser vistos em vários pontos da capital, mas causa estranheza a decisão que limita até o próximo dia 22 a presença das tropas federais no estado. No pedido enviado ao Palácio do Planalto, o governo fluminense solicitou que os militares permanecessem no Rio de Janeiro até depois do Carnaval, mas isso, por enquanto, não será possível. A estada das tropas federais durante uma semana não resolverá o crônico problema de segurança que domina o Rio de Janeiro e leva pânico à população local.


No momento em que as tropas militares não ocuparam as favelas, que no Rio são chamadas “comunidades”, pode-se concluir que o crime organizado continuará agindo em seus respectivos redutos, sendo que o patrulhamento extra servirá apenas para proteger os indefesos. Em suma, tenta-se equacionar a consequência, sem atacar a causa.

A preocupação do governador Luiz Fernando Pezão é com uma possível paralisação dos policiais durante o Carnaval, o que levaria o Rio de Janeiro a um cenário de caos muito maior do que o atual, algo já incorporado à cena do cotidiano local. Lembrando que durante a folia momesca os traficantes de droga, de todos os naipes, serão os donos da Cidade Maravilhosa, como se o comercialização de entorpecentes não pudesse ser combatida.

No momento em que o Rio de Janeira enfrenta a mais grave crise financeira da sua história e derrete sob o manto da corrupção, com vários políticos presos por crimes relacionados à roubalheira sistêmica, o melhor seria pagar os salários dos servidores estaduais, inclusive dos policiais, em vez de realizar o Carnaval. Bastava suspender o evento, mas isso não é possível porque alguns especialistas (sic) alegam que o Rio não pode abrir mão do dinheiro proveniente dos dias de folia. Enfim, o Rio de janeiro entrou naquela tese binomial do “se cobrir vira circo, se cercar vira hospício”.

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