Queda no consumo interno leva o Copom a reduzir mais uma vez a Selic, agora fixada em 12,25% ao ano

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Como aguardado pelos analistas do mercado financeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu nesta quarta-feira (22) a taxa básica de juro. Com a decisão, unânime, a Selic cai de 13% para 12,25% ao ano, mas mesmo assim o Brasil continua com a maior taxa real de juro do planeta.

O Copom divulgou nota para explicar a decisão, sendo que o motivo maior da redução de 0,75 ponto percentual é a convergência da inflação oficial para o centro da meta fixada pelo governo federal, que é de 4,5% ao ano. “O Comitê entende que a convergência da inflação para a meta de 4,5% no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui os anos-calendário de 2017 e, com peso gradualmente crescente, de 2018, é compatível com o processo de flexibilização monetária”, destaca a nota.

A política monetária do País é incumbência do Banco Central, mas é preciso reconhecer que os consecutivos cortes na Selic – é o quarto seguido – só foram possíveis porque o Brasil continua sofrendo com os efeitos colaterais da maior crise econômica da sua história.

Com o consumo em queda continuada, a tendência é a redução dos preços de produtos e serviços, que na ponta não caíram tanto quando afirmam os economistas. Quem sai com certa regularidade às compras básicas sabe que a redução nos preços dos alimentos, principalmente, ainda não deu o ar da graça.

Tanto é assim, que a prévia da inflação de fevereiro ficou em 0,54%, contra o,31% do mês anterior. Apesar da alta, que mostra a elevação dos preços, o índice é o menor para fevereiro desde 2012. No acumulado de doze meses, a inflação estimada está em 5,02%.


A decisão do Copom de reduzir a Selic mostra a necessidade de aquecer o consumo interno novamente, sem o qual a economia brasileira terá dificuldades para sair do atoleiro da crise. Ademais, o governo precisa reaquecer a economia para manter a arrecadação tributária em patamares que permitam cumprir a meta fiscal.

Desde que chegou ao principal gabinete do Palácio do Planalto, Michel Temer, que prometeu construir uma “ponte para o futuro”, só conseguiu emplacar uma medida que mais adiante beneficiará a economia: a fixação de um teto de gastos para os próximos 20 anos. As reformas trabalhista e previdenciária continuam na dependência do humor, nem sempre bom, da classe política.

Em outras palavras, a inflação está em movimento de queda apenas porque o brasileiro deixou de consumir e permanece receoso em relação ao futuro, principalmente por causa dos elevados índices de desemprego, endividamento e inadimplência, sem contar o elevado custo do crédito.

Como a crise política é uma incógnita e a tendência é piorar nas próximas semanas, em especial no rastro da devastadora delação coletiva da Odebrecht e da possibilidade de cassação do mandato de Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em função de ação protocolada pelo PSDB, falar em calmaria é fechar os olhos para a realidade.

Enquanto isso, os tecnocratas continuam a comemorar nos gabinetes oficiais os números da economia, ao passo que a população não consegue livrar-se da carestia do cotidiano.

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