Lava-Jato: depoimento de Odebrecht ao TSE recoloca Lula, Dilma, Mantega e o PT no olho do furacão

Enquanto tenta embolar os processos resultantes da Operação Lava-Jato que o colocam na condição de réu, arrolando dezenas de testemunhas para provar sua alegada inocência, Lula, o dramaturgo do Petrolão, ignora que Marcelo Bahia Odebrecht, preso desde junho de 2015, é um poço de mágoas.

Não bastassem os explosivos depoimentos que integram a delação coletiva do grupo Odebrecht – alguns conteúdos já vazaram –, o empresário baiano soltou a voz ao ministro Herman Benjamin, relator do processo que trata das irregularidades da chapa Dilma-Temer na eleição de 2014.

Se por um lado Marcelo Odebrecht poupou o presidente Michel Temer (PMDB) ao afirmar que jamais tratou com o peemedebista valores de doações ao partido, por outro a afirmação de que o grupo doou à campanha de Dilma R$ 150 milhões, através de caixa 2, recoloca o PT no olho do furacão da Lava-Jato.

Odebrecht disse que a então presidente Dilma sabia não apenas do esquema de corrupção, mas também e principalmente dos pagamentos ilícitos feitos ao marqueteiro João Santana e das doações às campanhas do Partido dos Trabalhadores. O que piora sobremaneira a já difícil situação de alguns próceres da legenda que afundam no lamaçal do Petrolão.


O trecho mais polêmico do depoimento de Marcelo Odebrecht foi sobre as negociações das propinas ao PT. O empresário afirmou que as doações ilegais, fruto da corrupção sistêmica que corroeu a Petrobras e outras estatais, eram negociadas com o ministro da Fazenda do governo Dilma, mais precisamente o “companheiro” Guido Mantega, investigado na Lava-Jato e que até então vinha posando de inocente.

Alçado ao Ministério da Fazenda ainda no primeiro governo de Lula e continuado na pasta na era Dilma por imposição do ex-metalúrgico, até ser demitido através da imprensa em dezembro de 2010 (a demissão consumou-se em 1º de janeiro do ano seguinte), Mantega agiu na contramão do papel que deve ser desempenhado por um ministro de Estado. Sua atuação como negociador de propinas ao PT revela o modus operandi do governo mais corrupto da história nacional, ao mesmo tempo em que compromete a defesa de muitos “companheiros” no âmbito da Lava-Jato.

É fato que as declarações de Marcelo Odebrecht carecem de comprovação, mas não se pode esquecer que o empresário já prestou depoimento no escopo da colaboração premiada negociada pelo grupo com o Ministério Público Federal e a um passo da homologação. Ou seja, Odebrecht certamente não prestou ao ministro Herman Benjamin um depoimento diferente do prestado aos investigadores da Lava-Jato.

Condenado a dezenove anos e quatro meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa, Marcelo Odebrecht permanecerá preso até o final deste ano, como resultado da negociação com o MPF. Em outras palavras, Odebrecht não mandaria pelos ares a possibilidade de deixar o cárcere em breve apenas para colocar em situação de extrema dificuldade Lula, Dilma e o PT.

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