Le Monde acusa empresário brasileiro de pagar propina ao COI para garantir Olimpíada do Rio de Janeiro

Se as autoridades brasileiras decidirem passar o País a limpo, algo que há muito deveria ter começado, sem prazo para terminar, certamente faltariam prisões para encarcerar os corruptos. Não há um dia sequer que não seja marcado por um escândalo novo ou o desdobramento de um antigo. Isso mostra que o Brasil está em situação infinitamente pior do que a anunciada.

Quando o UCHO.INFO afirmar que os brasileiros começarão a respirar novos ares dentro de cinquenta anos ou mais, alguns mais otimistas, que fecham os olhos para a realidade, dizem que trata-se de exagero de nossa parte. Na verdade, nossa previsão pode estar marcada pelo equívoco, pois uma assepsia mais aprofundada exigiria um século ou mais, principalmente por causa dos rapapés jurídicos sempre usados pelos delinquentes endinheirados.

Nesta sexta-feira (3), o jornal francês “Le Monde”, o empresário Arthur Cesar Menezes Soares Filho, dono do Grupo Facility e investigado na Operação Calicute – capítulo fluminense da Operação Lava-Jato –, pagou US$ 1,5 milhão ao filho de um integrante do Comitê Olímpico Internacional (COI), em 2009, dias antes de a cidade do Rio de Janeiro ser escolhida como sede da Olimpíada de 2016.

Conhecido nas entranhas do poder como “Rei Artur”, por conta da sua proximidade com Sérgio Cabral Filho (PMDB), ex-governador do Rio, Soares Filho recebeu quase R$ 3 bilhões por prestação de serviços terceirizados ao Estado durante os oito anos da gestão do peemedebista que está preso no Complexo Penitenciário de Gericinó.


Em depoimento prestado em janeiro passado, o “Rei Artur” disse aos investigadores da Calicute ser amigo de Cabral Filho, que começou a trabalhar no setor público em 1994 e não se recordar quando transformou a Facility na principal empresa do grupo empresarial.

Nas investigações, os procuradores federais descobriram que as empresas de Soares Filho transferiram R$ 1 milhão ao escritório de advocacia de Adriana Ancelmo, mulher de Cabral (também presa).

Já a empresa LRG, de propriedade de Carlos Miranda, preso e acusado de ser o operador financeiro do grupo de Cabral, recebeu R$ 660 mil da Facility. Questionado sobre os repasses, Soares Filho alegou que contratou o escritório de Adriana Ancelmo por recomendação do ex-governador, mas negou que os pagamentos referiam-se a propinas.

Caso as autoridades decidam aprofundar as investigações nesse mar de lama que surgiu de forma “imponente” no Rio de Janeiro, não causará surpresa se forem descobertas as causas do escandaloso superfaturamento das obras dos Jogos Pan-Americanos de 2007, que teve lugar na capital fluminense. O Pan do Rio foi orçado inicialmente em R$ 500 milhões, em valores da época, mas ao final das obras o valor já tinha ultrapassado a marca de R$ 5 bilhões. Com direito a dinheiro desviado financiando campanhas eleitorais no ano seguinte.

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