Padilha continua afastado da Casa Civil; decisão acirra a crise política que já tira o sono de Michel Temer

O clima no Palácio do Planalto torna-se cada vez mais tenso com a expectativa que recobre a delação coletiva do Grupo Odebrecht no âmbito da Operação Lava-Jato. A situação é tão difícil, que o retorno de Eliseu Padilha (PMDB) ao comando da Casa Civil, inicialmente marcado para esta segunda-feira (6), foi prorrogado por uma semana.

Padilha licenciou-se do cargo para submeter-se a cirurgia na próstata, procedimento realizado em Porto Alegre, mas a recuperação está demorando mais do que o previsto. Pelo menos essa é a alegação para a prorrogação da licença, que na verdade aconteceu por questões políticas, já que o peemedebista foi largamente citado na delação da Odebrecht.

Com o adiamento do retorno de Eliseu Padilha, o presidente da República tem mais tempo para avaliar a crise política, podendo, inclusive, decidir pelo afastamento definitivo do colaborador e correligionário. As denúncias contra Padilha não representam uma novidade e eram esperadas há muito por aqueles que frequentam o universo político nacional.

A situação Padilha piorou muito depois do depoimento espontâneo do advogado José Yunes à força-tarefa da Lava-Jato. Amigo de Michel Temer há pelo menos cinco décadas, Yunes disse que recebeu em seu escritório, a pedido do licenciado chefe da Casa Civil, um envelope entregue por Lucio Bolonha Funaro, ligado a Eduardo Cunha e acusado de ser operador financeiro do PMDB.


Funaro, que está preso n Complexo Penitenciário da Papuda, rebateu as acusações de Yunes e disse estar disposto a participar de uma acareação com o advogado e Eliseu Padilha. Yunes, por sua vez, abriu mão de seu sigilo telefônico e afirmou que sua secretária poderá depor para provar as acusações que fez.

Pessoas próximas a Temer classificaram o depoimento de José Yunes como uma espécie de blindagem ao presidente da República, mas ao final das contas o estrago foi grande. Até porque, Michel Temer não pode ser o único inocente em meio a tantos acusados de corrupção.

Caso Padilha não retorne ao cargo, Temer terá dificuldades para recompor a equipe palaciana, já que com a delação da Odebrecht será tarefa hercúlea encontrar um partido que não esteja acusado de participar do maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão.

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