Padilha retorna à Casa Civil na semana em que o Supremo receberá a segunda e temida “lista de Janot”

Na semana em que é aguardada a entrega ao Supremo Tribunal Federal (STF) dos pedidos de investigação de pelo menos 80 políticos suspeitos de envolvimento no esquema criminoso conhecido como Petrolão, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, retornou ao posto nesta segunda-feira (13).

Longe da pasta por três semanas em função de cirurgia na próstata, Padilha volta ao Palácio do Planalto em situação extremamente fragilizada, pois crescem as especulações em torno do seu nome como um dos mencionados na delação coletiva do Grupo Odebrecht, no âmbito da Operação Lava-Jato.

A situação do chefe da Casa Civil já não era das melhores, mas piorou sobremaneira com o depoimento espontâneo do advogado José Yunes, amigo de décadas do presidente da República. Ex-assessor especial de Michel Temer no Palácio do Planalto, o advogado disse aos procuradores federais que atuou como “mula” ao receber em seu escritório, na capital paulista, um envelope entregue por Lucio Bolonha Funaro, acusado de ser um dos operadores financeiros do PMDB.

O relato de Yunes reforça a especulação de que o tal envelope continha R$ 4 milhões em dinheiro, valor repassado pela Odebrecht por meio de caixa 2 ao PMDB, após pedido do então vice-presidente Temer, em 2014, durante jantar no Palácio do Jaburu. O encontro contou com a presença de Marcelo Odebrecht e Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da empreiteira baiana.


O retorno de Eliseu Padilha é tão desnecessário quanto temerário, pois recoloca o governo no olho do furacão de uma crise política que só cresce. Desde a polêmica envolvendo a nomeação de Wellington Moreira Franco ao cargo de ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, o presidente da República vem afirmando que afastará em caráter temporário qualquer integrante do governo denunciado no escopo da Operação Lava-Jato, como se no Brasil existisse apenas um escândalo de corrupção.

Considerando o fato de que a presença do nome de Padilha na segunda lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é dada como certa, o governo está arriscando a pouca credibilidade que ainda lhe resta por causa de um capricho político absurdo.

Eliseu Padilha participou na manhã desta segunda-feira de reunião com o presidente da República, assim como terá encontro com parlamentares para tratar da reforma da Previdência, mas nos corredores palacianos ganha força a tese de que o chefe da Casa Civil está a um passo de arrumar as gavetas da escrivaninha.

De igual modo crescem os comentários sobre a possível saída de Moreira Franco, que também será alvo de denúncia da Procuradoria-Geral da República por seu suposto envolvimento no maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão. As denúncias contra Padilha e Moreira Franco não são oficiais, mas vazamentos da delação da Odebrecht colocam a dupla no centro do esquema criminoso.

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