União Europeia defende controle maior e mais rígido de carnes brasileiras

Depois do escândalo de adulteração de carnes envolvendo grandes frigoríficos e empresas do setor no País, a União Europeia (UE) avalia endurecer as exigências para a importação do produto, anunciou nesta quarta-feira (29) o comissário europeu de Saúde e Segurança Alimentar, Vytenis Andriukaitis.

“A decisão de introduzir medidas mais rigorosas está em estudo. Estamos reforçando as verificações documentais, físicas, em todos os planos de interesse. E sugerimos que os países-membros verifiquem cada produto que entrar em seu território”, disse Andriukaitis, em entrevista coletiva em Brasília.

O comissário reiterou que é preciso “montar uma rede de resposta imediata caso haja uma nova crise” por meio de um “sistema de controle oficial e independente”. Andriukaitis disse que o escândalo mostra a importância de se restaurar a confiança, a credibilidade e a previsibilidade dos sistemas de controle, além da necessidade de uma atuação rápida em casos como o investigado pela Operação Carne Fraca.

Deflagrada pela Polícia Federal em 17 de março, a Operação Carne Fraca trouxe à tona suspeitas de irregularidades na produção e fiscalização do setor. Em resposta, a União Europeia suspendeu a importação de produtos dos 21 frigoríficos investigados. O bloco ainda mantém essas restrições.

Andriukaitis também recomendou a seus parceiros comerciais que “introduzam as mesmas regras e os mesmos requisitos” do bloco europeu para que ocorram “avanços na cooperação”.


A Operação Carne Fraca provocou turbulências no mercado interno e de exportação de carne. O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina e de frango e o quarto no segmento de suínos.

Após o escândalo, 22 países e a UE impuseram restrições parciais ou totais às importações do produto e a média diária de exportação de carne caiu 19%, segundo informou o Ministério da Indústria e Comércio Exterior. Segundo dados do governo, o Brasil pode perder 10% de seu mercado externo e ter um prejuízo de R$ 4,6 bilhões por ano.

Em meio ao escândalo, o ministro da ministro da Agricultura, Blairo Maggi, anunciou nesta quarta-feira (29) multas mais pesadas para fraude no setor. O novo regulamento prevê a possibilidade de multa de até 500 mil reais para as empresas com irregularidades, antes o valor máximo era de R$ 15 mil.

Além das multas, as empresas podem ser interditadas e terem o registro de funcionamento cassado. O novo regulamento estabelece ainda a obrigatoriedade da renovação da rotulagem dos produtos de origem animal a cada dez anos e determina sete tipos de carimbos do Serviço de Inspeção Federal (SIF). (Com agências internacionais)

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