Corrupção: eventuais delações de Eduardo Cunha e Cabral podem mandar a política brasileira pelos ares

A Operação Lava-Jato, em cartaz desde março de 2014 e responsável por desmontar o maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão, já proporcionou muitas emoções (sic) aos brasileiros, como se fosse um seriado sem fim, mas ainda há na trilha das investigações surpresas de sobra. Isso porque muitos crimes ainda não foram desvendados, assim como vários investigados ainda não aderiram à colaboração premiada.

Um dos que devem tentar um acordo de delação é o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso preventivamente em Curitiba e já foi condenado a quinze anos e quatro meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Ré um outras ações penais e alvo de mais algumas investigações, Cunha sabe que caso a primeira condenação for confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), a saída será soltar a voz e revelar detalhes da roubalheira sistêmica que abalou o País.

Antes de perder o mandato parlamentar e ser preso na esteira da Lava-Jato, Cunha vinha mandando recados a alguns políticos graúdos, da mesma forma que cobrava de aliados dívidas de campanha. Isso porque o peemedebista, enquanto na proa do Petrolão, financiou algumas dezenas de candidaturas Brasil afora, especialmente nas eleições de 2014. O que garantiu sua chegada à presidência da Câmara.

Considerando que Eduardo Cunha está magoado com os outrora aliados e transformou-se em um arquivo ambulante (e encarcerado) prestes a explodir, uma eventual delação terá potencial de destruição inimaginável. Afinal, Cunha sabe muito mais do que vários políticos corruptos gostariam que soubesse.


Porém, não é apenas Cunha que começa a fermentar a ideia de revelar o que sabe. Preso desde 17 de novembro de 2016, à sombra da Operação Calicute, o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), sabe que não escapará de uma condenação pesada. Por isso começa a considerar a possibilidade de propor às autoridades, por meio de seus advogados, um acordo de colaboração premiada.

O efeito destruidor de uma possível delação de Cabral Filho aumenta com de uma eventual disposição de Adriana Ancelmo, ex-primeira-dama do Rio de Janeiro, também soltar o verbo. A chance de Adriana optar pela delação é muito maior, pois em jogo está a convivência com os filhos. Tomando por base que a ex-primeira-dama retomou o sabor da liberdade, mesmo que com restrições, no vácuo de um bem sucedido pedido de prisão domiciliar, voltar a contemplar o sol quadrado e usar uniforme de presidiária não está em seus planos.

O País jamais viu e viveu período de tamanha degradação moral na política, como o que domina a cena verde-loura nos últimos dez anos. Cenário que ganhou reforço de peso a partir da chegada do PT ao Planalto Central.

No caso de Eduardo Cunha e Sérgio Cabral Filho ingressarem no corredor da delação, o melhor é acionar o cronômetro, já que em pouco tempo o Brasil irá pelos ares. Não se pode esquecer que Cunha e Cabral foram abandonados pelos comparsas, o que é considerado pecado capital no universo dos chamados crimes de colarinho branco.

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