Leucemia Aguda: nervoso ao falar sobre medicamento chinês, ministro da Saúde precisa ser demitido

Definitivamente o presidente Michel Temer mostrando à opinião pública que é um governante sem pulso. Desde janeiro passado, quando o UCHO.INFO noticiou, com exclusividade, o escândalo envolvendo a compra do medicamento L-asparaginase, usado no tratamento da Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA), Temer vem fazendo ouvidos moucos para um caso de extrema gravidade. O presidente da República já deveria ter chamado o ministro da Saúde, Ricardo Barros, às falas, mas não o fez porque é desprovido de coragem.

Assim como tantos ministérios, a pasta da Saúde foi entregue a partidos que integram a base de apoio ao governo, à sombra de um escambo político nauseante. Lotear o governo em um país com tantos problemas e carências como o Brasil, se não for crime de lesa pátria, por certo é excesso de inocência.

Fabricada por um laboratório chinês e vendido ao governo por intermédio de uma empresa uruguaia, que não tem escritório no país sul-americano, a L-asparaginase carece de estudos científicos que comprovem sua eficácia, situação que coloca em risco a vida de aproximadamente quatro mil crianças brasileiras que sofrem de LLA.

Logo após a publicação da matéria pelo UCHO.INFO, em 17 de janeiro, o editor deste portal foi ameaçado por uma mulher que possivelmente tinha interesse no negócio nebuloso com o governo brasileiro. Na reportagem, este noticioso afirmou que um integrante graduado do Ministério da Saúde, durante reunião, disse: “O que vale é o preço, as crianças que morram”.

O ministro Ricardo Barros não apenas conhece a seriedade do trabalho jornalístico do UCHO.INFO, como sabe ser verdadeiro o conteúdo da nossa denúncia, inclusive dos detalhes explicitados na reportagem. Foi a partir da matéria deste portal que o programa dominical Fantástico, da TV Globo, entrou no caso.

Depois de muita insistência, Ricardo Barros decidiu conceder entrevista para falar sobre o assunto. O ministro criticou a jornalista da emissora carioca de querer desqualificar o produto. O nervosismo do titular da Saúde ao conceder a entrevista deixou claro que há algo errado por trás do negócio.


Ricardo Barros escalou o diretor de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde, Renato Teixeira, para dar explicações sobre o medicamento chinês. Cirurgião bariátrico, Teixeira, que conduziu a negociação com o laboratório chinês, também não foi convincente nas respostas e exalou nervosismo.

Como se saúde pública pudesse ser tratada na base do “achismo”, Renato Teixeira disse que “as vigilâncias sanitárias dos países são mais ou menos harmonizadas”. Revelando que o Ministério da Saúde é movido pela irresponsabilidade, Teixeira disse que não sabe como funciona a vigilância sanitária da China. “O que nós recebemos aqui no Ministério já é a conclusão do registro sanitário. E esse medicamento tem registro sanitário no país de origem, que é a China”.

O Ministério da Saúde comprou o medicamento chinês com base apenas no registro sanitário, ciente de que o mesmo não foi submetido a testes clínicos, o que garantiria, ou não, sua eficácia. Os resultados dos necessários testes clínicos não poderiam ser disponibilizados ao governo brasileiro, pois a China não usa esse medicamento no país.

Como antecipou o UCHO.INFO na edição de 28 de março, a Polícia Federal abriu investigação para apurar mais um escândalo com a chancela do Partido Progressista, legenda à qual é filiado Ricardo Barros e muitos dos políticos que lotearam o Ministério da Saúde.

É importante salientar que a farmacêutica Gisélia Ferreira, servidora de carreira do Ministério da Saúde e que se opôs à compra do medicamento chinês, pediu afastamento do cargo. Ela depôs à Polícia Federal na condição de testemunha, mas é importante que as autoridades se ocupem de sua segurança, uma vez que o esquema criminoso que se ergueu por trás do negócio intentava criar um cenário semelhante ao que emoldurou o escândalo do Labogen, laboratório farmacêutico criado pelo doleiro Alberto Youssef para funcionar como lavanderia do dinheiro do Petrolão.

Em países minimamente sérios e com autoridades cientes do dever, o ministro da Saúde já teria sido demitido, enquanto os responsáveis pelo negócio estariam presos. Como o Brasil é a catedral do “faz de conta”, o escândalo da L-asparaginase chinesa é mais um no anedotário da Botocúndia.

A cúpula do Palácio do Planalto tem conhecimento do caso desde a publicação da primeira matéria do UCHO.INFO sobre o escândalo. O governo não tomou providências porque sofre de frouxidão letárgica ou é conivente com os criminosos. Com a palavra, o presidente da República, Michel Temer!

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