Dallagnol engrossa coro de autoridades que tentam minimizar vazamentos de informações sigilosas

A questão dos vazamentos de informações sigilosas de investigações e depoimentos de delatores continua agitando as autoridades, que insistem em afirmar ser impossível coibir a prática e identificar os responsáveis pela transgressão.

Procurador da República e coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato, em Curitiba, Deltan Dallagnol afirmou na última sexta-feira (7), na Harvard Law School (EUA) disse que agentes públicos não vazam informações e que isso acontece por causa do inevitável acesso a dados secretos por réus e advogados.

“É muito difícil identificar qual é o ponto (de origem do vazamento), porque se você ouvir essas pessoas, elas vão negar”, afirmou Dallagnol.

“E não cabe ouvir o jornalista em relação a quem lhe passou a informação porque existe, no Brasil, e deve existir, o direito ao sigilo de fonte”, afirmou o procurador, um dia após o juiz Sérgio Moro dizer à BBC Brasil que “identificar vazamentos é quase como uma caça a fantasmas”.

Os vazamentos ganharam destaque na tarde de segunda-feira (10), quando trechos do primeiro depoimento do empreiteiro Marcelo Odebrecht ao juiz da Lava-Jato foram divulgados pela imprensa enquanto Odebrecht ainda estava na sala de Sérgio Moro.


A afirmação de Deltan Dallagnol de que vazamentos ocorrem por parte dos réus e seus defensores é simplista demais e serve para blindar as autoridades que agem nos subterrâneos para fazer com que informações cheguem à opinião pública como forma de expor investigados. O UCHO.INFO não está a defender os réus, mas entende que é preciso cumprir o que determina a legislação.

No momento em que réus seguem o caminho da delação, o sigilo é condição primordial para que o acordo de colaboração premiada tenha êxito. Do contrário, o mesmo será considerado nulo e, portanto, rejeitado pelas autoridades, como aconteceu com o empresário José Adelmário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, um dos donos da construtora OAS.

Léo Pinheiro foi levado de volta à prisão porque procuradores da Lava-Jato entenderam que detalhes do acordo de colaboração premiada foram vazados com o objetivo de pressionar a aprovação do mesmo. Uma conclusão no mínimo absurda, pois se o delator depende do sigilo para reconquistar a liberdade, mesmo que parcial e monitorada, o vazamento não pode ocorrer por parte do interessado em seu êxito.

O UCHO.INFO é a favor do levantamento do sigilo das informações, desde que isso não comprometa o andamento das investigações. Diferentemente do pensa a extensa maioria da opinião pública brasileira, o vazamento de informações tem servido para alavancar algumas candidaturas à Presidência da República em 2018, mesmo que isso venha ocorrendo de forma discreta e homeopática.

Quem conhece os bastidores das investigações, em especial os da Lava-Jato, sabe que vazamentos ocorrem de forma quase corriqueira e de parte a parte, mas querer inocentar as autoridades e culpar os réus é mostrar que há algo escuso nas entranhas dos escândalos. Quem viver verá!

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