Ex-executivo da Odebrecht revela detalhes comprometedores sobre sítio e Lula fica mais perto da prisão

“Nunca antes na história deste país”. A frase, que tornou-se folclórica nessa barafunda chamada Brasil, é de autoria do ex-presidente Lula e serve a ele próprio, como fina luva de pelica, quando o assunto é corrupção e delação da Odebrecht.

Para provar que a avalanche de corrupção estava entranhada na estrutura dos governos petistas, Emílio Odebrecht, presidente do Conselho de Administração do grupo empresarial, disse em depoimento de delação premiada que a reforma no Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (interior de São Paulo), foi executada após pedido da então primeira-dama Marisa Letícia.

A solicitação foi feita a Alexandrino de Alencar, ex-executivo da Odebrecht, durante cerimônia no Palácio do Planalto, em meados de dezembro de 2010, o que mostra que a roubalheira era não apenas sistêmica, mas oficial e estendida à família do então presidente da República. No dia 30 de dezembro daquele ano, faltando um dia para Lula deixar o poder, Emílio Odebrecht visitou o petista no Palácio do Planalto e comunicou que a empresa cumpriria o prazo para a finalização da obra – 15 de janeiro. Ou seja, Lula participou do esquema de corrupção enquanto presidente da República.

Emílio Odebrecht disse que a obra no sítio, que Lula nega ser o dono, custou aproximadamente R$ 700 mil, mas Alencar afirmou que a reforma ultrapassou a marca R$ 1 milhão. Para camuflar a participação na obra do malfadado sítio, a diretoria da Odebrecht determinou que os funcionários alocados para o trabalho não usassem uniforme da empreiteira, como forma de não chamar a atenção nas cercanias da propriedade rural.

Porém, a preocupação em relação à reforma no sítio era muito maior. Em depoimento à força-tarefa da Operação Lava-Jato, Alencar afirmou que ele e o advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, decidiram forjar notas fiscais das obras feitas na propriedade. O objetivo da manobra criminosa era mostrar, no âmbito fiscal e financeiro, que Fernando Bittar, cujo nome consta como um dos donos do imóvel (o outro é Jonas Suassuna Filho), tinha condições financeiras de arcar com os custos da obra.

De acordo com Alexandrino de Alencar, em março de 2011 ele recebeu um telefonema de Teixeira, solicitando que fosse até seu escritório, no elegante bairro paulistano dos Jardins, pois estava preocupado em “formalizar” a obra realizada no sítio, executada e custeada pela Odebrecht.


Alencar disse à força-tarefa: “Fui lá e ele estava preocupado, digamos, como é que poderia aparecer essa obra sem um vínculo com os proprietários do sítio. Então nós marcamos uma reunião uma semana, dez dias depois. Fui eu e o engenheiro [da Odebrecht] Emir conversar com ele. E ele estava preocupado, claramente preocupado”.

“Aparece um pessoal de engenharia, construiu a coisa, foi embora. E essa conta, como é que parece?”, teria dito Roberto Teixeira ao então diretor de Relações Institucionais da Odebrecht.

O delator disse às autoridades que Teixeira pediu para que a documentação sobre a obra fosse “produzida” às pressas. “Ele falou: a obra terminou… a obra de Atibaia, o sítio de Atibaia, porque o sítio é do Fernando Bittar e nós precisamos, como se diz, formalizar a obra.”

Alencar declarou que a saída encontrada foi a emissão de notas fiscais frias, como se Fernando Bittar tivesse pago os custos de uma obra concluída dois meses antes. “Isso foi feito com notas fiscais através… que o Emir conseguiu falar com o Carlos Rodrigues Prado [empreiteiro subcontratado para a obra] para fazer uma nota fiscal mostrando que foi pago pelo Fernando Bittar”.

Segundo Alencar, os documentos fiscais foram simulados de forma a coincidir com o perfil econômico de Bittar, com o objetivo de não levantar suspeitas. “Foi feito um escalonamento do pagamento para não ficar uma coisa muito cara que inviabilizasse, digamos, como é que o Fernando Bittar ia pagar toda a obra?”. O ex-diretor da Odebrecht afirmou que a documentação forjada foi entregue pelo engenheiro Emir ao advogado e compadre de Lula.

Como sempre afirmou o UCHO.INFO, Lula acabará atrás das grades por causa da epopeia envolvendo o tal sítio. Se notas fiscais frias foram emitidas para demonstrar que a obra foi contratada por Fernando Bittar, esse terá de provar não apenas a origem do dinheiro usado para remunerar a empreiteira, mas os pagamentos propriamente ditos. É importante ressaltar que Bittar tem como sócio no tal sítio o empresário Jonas Suassuna Filho, cujo nome deveria constar das notas fiscais frias.

Esse enredo foi mal redigido e produzirá muito mais estragos do que imaginavam os gênios que tentaram evitar mais um imbróglio na seara de Lula, que começa a afundar rapidamente na lama putrefata do maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão.

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