“Amante” discreta: Gleisi era educada e insistente para cobrar propina, revela delator da Lava-Jato

Conhecida no setor de propinas da Odebrecht pelo codinome “Amante”, a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) abusou da lhaneza e da persistência para cobrar a empreiteira na reta final da campanha de 2014 ao governo do Paraná, segundo o delator Benedicto Júnior, o BJ.

As autoridades da Operação Lava-Jato identificaram 13 telefonemas de Gleisi ou de seu assessor, Leones Dallagnol, para BJ em apenas quatro dias: 16 a 19 de setembro daquele ano. Entretanto, o pagamento só aconteceu após ordem expressa de Marcelo Odebrecht, herdeiro do grupo e preso na Lava-Jato, que determinou a Benedicto Júnior a transferência de R$ 5 milhões a Gleisi, por meio de caixa dois. Do total, R$ 3 milhões foram identificados pelo executivo no sistema que gerenciava as propinas pagas pela empresa.

De acordo com BJ, os pagamentos ocorreram em parcelas de R$ 500 mil, que se estenderam até depois da eleição, quando Gleisi já havia tropeçado de forma fragorosa nas urnas paranaense. O delator explicou que outro executivo da empresa – Luiz Bueno e Fernando Miggliacio, funcionário do departamento de propina da empreiteira – trataram dos repasses diretamente com Leones Dallagnol, assessor de Gleisi.


O valor era considerado exagerado pelos funcionários, tendo em vista as reduzidas chances de Gleisi na corrida ao governo do Paraná e considerando o fato de a Odebrecht não ter qualquer empreendimento no estado sulista. Mesmo assim, Marcelo deu a ordem de transferência de recursos após receber um pedido do PT de ajuda a Gleisi, disse Benedicto.

“Sempre educada, (ela) falava: ‘Estou precisando de ajuda, vocês não vão nos ajudar aqui no Paraná’. E eu dizia: não temos negócio no Paraná (…) estamos ajudando o partido, você sabe a dificuldade da presidente Dilma para se reeleger”, revelou Benedicto Júnior sobre os contatos de Gleisi antes de a doação de campanha ser autorizada pelo então presidente do grupo empresarial.

É importante destacar que a já difícil situação de Gleisi Helena piora com o passar dos dias. Como se não bastassem as acusações feitas por sete delatores da Operação Lava-Jato, a senadora petista agora enfrenta os efeitos colaterais dos depoimentos dos diretores ex-executivos da Odebrecht, que por sua vez forçarão a delação do “companheiro” Antonio Palocci Filho, o “Italiano”, que administrava a conta de propinas do PT junto à cúpula do grupo empresarial baiano.

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