Lava-Jato: depois de Palocci, Renato Duque diz que quer colaborar; agora faltam José Dirceu e Vaccari

Se quiser continuar existindo – difícil saber se isso será possível -, o PT terá de se reinventar, deixando de lado o messianismo boquirroto e delinquente que marcou a passagem da legenda pelo Palácio do Planalto (foram treze anos e alguns anos de incompetência e roubalheira).

Insistindo no discurso embusteiro da falsa inocência, os caciques petistas começam a flertar com o caos partidário, no rastro do avanço das investigações da Operação Lava-Jato, em marcha desde março de 2014 e que desmontou o criminoso esquema de corrupção conhecido como Petrolão.

Apostando nos tempos de socialismo romântico, quando os “camaradas” submetiam-se a tudo e todos em nome da ideologia, o PT está prestes a ser arrastado de roldão ao ralo da bandalheira política. Isso porque cresce no âmbito da Lava-Jato o número de delações que comprometem a legenda e seus malandros próceres.

Não bastassem as devastadoras delações dos dirigentes e ex-executivos da Odebrecht e da OAS, que revelaram de maneira cirúrgica a podridão que reina nas entranhas do Poder, o PT agora teme pela disposição de dois supostos “companheiros” de aderir à colaboração premiada.

Ex-ministro da Fazenda no governo Lula e ex-chefe da Casa Civil na administração Dilma, o petista Antonio Palocci Filho mandou o companheirismo às favas e contratou um advogado para negociar acordo de delação premiada. Trata-se de Adriano Bretas, que negociou a delação de Alberto Youssef, o doleiro do Petrolão, e já dá os primeiros passos na negociação da de Renato Duque (à esquerda na foto), como antecipou o UCHO.INFO na edição de quarta-feira (26).

Se a disposição de Antonio Palocci de contar o que sabe sobre o maior esquema de corrupção de todos os tempos já vinha tirando o sono de lideranças petistas, a informação de que Duque já comunicou às autoridades sua intenção de colaborar certamente atrapalhará o feriado prolongado dos “camaradas”.


Como afirmou o UCHO.INFO em matéria anterior, a delação de Palocci terá efeito dominó, arrastando ao parlatório da Lava-Jato, de chofre, Renato Duque, ex-diretor da Petrobras. Em seguida seria a vez de José Dirceu soltar a voz, pois coube a ele a indicação de Duque ao cargo na estatal, apesar de o petista negar tal fato.

Considerando que a virulência do cárcere é perigosa, não se deve descartar a possibilidade de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT e ex-presidente da falida Bancoop, seguir o mesmo caminho e revelar o que sabe sobre o esquema. Vaccari está preso em Curitiba e há muito é pressionado por familiares para colaborar com os investigadores.

De carona nesse tsunami de delações, o outrora petista André Vargas, ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados, pode acionar o palavrório. Nesse caso, cairiam alguns “camaradas” envolvidos no esquema criminoso que ainda gozam da liberdade. E o estrago seria maior e mais amplo, alcançando inclusive o segundo escalão da legenda.

Apesar desse cenário de cascata de lama, a preocupação do PT está centrada nas delações de Palocci e Duque, que para reconquistar a liberdade terão de envolver Lula no esquema criminoso que durante uma década funcionou de forma deliberada na estatal.

Confirmado esse prognóstico delacional, a prisão preventiva de Lula pode aproximar-se perigosamente da realidade, já que em depoimento ao juiz Sérgio Moro o ex-presidente da OAS, José Adelmário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, afirmou que o petista pediu para destruir provas sobre pagamentos de propinas acertados com João Vaccari Neto. Isso significa que em liberdade Lula poderia atrapalhar as investigações, pressionar testemunhas, destruir provas e ocultar patrimônio. Afinal, a dinheirama que chegou aos seus bolsos, segundo delatores, não foi pequena.

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