Coreia do Norte acusa os EUA de levar a península coreana à beira de uma guerra nuclear

No tabuleiro da política internacional, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é um jogador estreante e estabanado, que por pressão do establishment tem sido obrigado a deixar o estilo bufão de lado e a recuar em relação a muitas decisões precipitadas e impensadas. Com isso, Trump assiste à corrosão continuada de suas promessas de campanha.

Por outro lado, o jovem ditador norte-coreano, Kim Jong-un, parece ter herdado do pai e do avô o talento para o blefe diplomático, se é que o governo de Pyongyang sabe o que significa diplomacia.

Nesta terça-feira (2), a Coreia do Norte acusou os EUA de elevar as tensões na Península da Coreia, exacerbando o risco de um conflito nuclear, após bombardeiros americanos realizarem manobras na região.

As Forças Armadas do Pacífico (Pacaf) dos EUA confirmaram em comunicado que dois bombardeiros supersônicos B-1B partiram da base aérea Andersen, na ilha de Guam, e realizaram exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul e o Japão.

Antes do anúncio, Pyongyang havia denunciado as manobras militares, que considerou como mais uma grave provocação americana. “As provocações militares irresponsáveis deixam a situação na Península da Coreia à beira de uma guerra nuclear”, afirmou a agência estatal de notícias norte-coreana KCNA.

Os norte-coreanos afirmam que os bombardeiros conduziram uma simulação do lançamento de uma bomba nuclear, numa época em que o presidente americano, Donald Trump, e outros “instigadores da guerra se preparam para atacar seu território”.

O Ministério da Defesa da Coreia do Sul disse que os exercícios militares visam impedir as provocações do país vizinho e testar a prontidão das Forças Armadas dos três países.


Trump “ficaria honrado” em se reunir com Kim Jong-un

O voo dos bombardeiros nesta segunda-feira ocorreu no mesmo dia em que Trump afirmou, durante entrevista à emissora Bloomberg, que “ficaria honrado” com a possibilidade de se encontrar com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, “sob circunstâncias adequadas”. Mais tarde, a Casa Branca esclareceu que as tais circunstâncias “por enquanto não existem”.

A última reunião entre uma autoridade do alto escalão do governo americano com o regime comunista em Pyongyang ocorreu em 2000, durante o governo Bill Clinton, quando a então secretária de Estado, Madeleine Albright, encontrou-se com Kim Jong-Il, pai de Kim Jong-un, na capital norte-coreana, para discutir o programa nuclear.

As tensões vêm aumentando na região nos últimos meses em razão dos testes de mísseis norte-coreanos e com o endurecimento da retórica de Washington. Os EUA chegaram a sugerir possíveis ataques preventivos à Coreia do Norte e enviaram para a região o porta-aviões nuclear USS Carl Vinson para tomar parte nas manobras militares, encerradas neste domingo.

Há temores de que Pyongyang realize um novo teste nuclear a partir da base de Punggye-ri. Imagens de satélite do local feitas em abril mostraram possíveis preparativos.

Também contribui para o acirramento das tensões a instalação do polêmico escudo antimísseis Thaad na Coreia do Sul, com o objetivo de conter ameaças de Pyongyang.

O exército americano confirmou nesta terça-feira através de comunicado que o Thaad já está em funcionamento, com “capacidade de interceptar mísseis norte-coreanos e defender a República da Coreia (nome oficial da Coreia do Sul)”. (Com agências internacionais)

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