Lava-Jato: Justiça Federal determina a suspensão das atividades do Instituto Lula por indícios de crimes

Se o temido e tão propalado inferno astral também avança na seara política, Luiz Inácio da Silva, o alarife Lula, está a viver o pior e mais conturbado período. Depois de ter negado, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), pedido para suspender depoimento ao juiz Sérgio Moro no âmbito do caso do polêmico triplex em Guarujá, Lula sofreu novo revés nesta terça-feira (9).

O juiz substituto Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal Criminal de Brasília, atendendo pedido do Ministério Público Federal, determinou a suspensão das atividades do Instituto Lula, entidade comandada pelo ex-presidente e que ao longo dos últimos anos foi usada como fachada para muitos negócios que hoje encontram-se sob investigação.

No despacho, assinado na última sexta-feira (5) e publicado nesta terça, Soares Leite destacou a existência de indícios “veementes” de “delitos criminais” supostamente foram iniciados ou planejados na sede da entidade, localizada no bairro do Ipiranga, em São Paulo.

Para garantir o cumprimento da decisão, o juiz determinou que a superintendência da Polícia Federal em São Paulo, a Junta Comercial paulista e o presidente do Instituto Lula sejam comunicados da medida cautelar.


Investigação

De acordo com a força-tarefa da Operação Lava-Jato, o terreno onde a sede do instituto seria construída foi adquirido pela empreiteira Odebrecht como moeda de troca de contratos com a Petrobras, o que só foi possível, segundo os investigadores, com a interferência de Lula.

O Instituto Lula afirmou que “funciona em uma casa adquirida em 1991, onde antes funcionava o Instituto da Cidadania. Não existe ‘novo Instituto Lula’. Todas as doações ao Instituto Lula, fundado em agosto de 2011, são legais e registradas com notas fiscais”.

Nesta terça-feira (9), em depoimento ao juiz Sérgio Moro, o pecuarista José Carlos Bumlai disse que o novo Instituto Lula “surgiu de uma conversa com Dona Marisa” [ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva]. Esse detalhe envolvendo o nome de Marisa Letícia, como destacado em matéria anterior, poderá ser explorado pela defesa de Lula para tentar inocentar o petista no caso do terreno comprado para abrigar o instituto.

O pecuarista afirmou que tornou-se amigo de Lula e da família em meados de 2002, por apresentação do então governador de Mato Grosso do Sul, Zeca do PT. Bumlai declarou que jamais teve qualquer tipo de negócio com Lula e que há muito não vê o petista.

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