Novo presidente da Coreia do Sul coloca Pyongyang como prioridade; decisão desagrada Washington

Se o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pensava que seria fácil emparedar o regime da Coreia do Norte, o sonho começa a ganhar contorno de pesadelos. Isso porque o recém-eleito presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, que tomou posse em Seul nesta quarta-feira (10), prometeu esforço redobrado para enfrentar as ambições nucleares do governo de Pyongyang e as tensões que brotam da relação entre EUA e a China.

Em seu primeiro discurso como presidente, Moon disse que começará imediatamente a redobrar os esforços para minimizar a tensão na península coreana e negociar com Washington e Pequim as divergências decorrentes da instalação de um sistema antimísseis no país.

“Tentarei resolver urgentemente a crise de segurança”, disse Moon, no Parlamento sul-coreano. “Se necessário voarei direto para Washington, vou para Pequim e Tóquio e, se as condições forem certas, também irei a Pyongyang.”

A implantação, em território sul-coreano, do Terminal de Defesa Aérea para Grandes Altitudes (Thaad) irritou a China, principal parceiro comercial de Seul e financiadora de muitas das sandices do ditador Kim Jong-un. Pequim classifica o poderoso escudo antimísseis dos Estados Unidos como uma ameaça à sua segurança e reagiu com recriminações contra companhias sul-coreanas.

Moon jae-in declarou que planeja anunciar as principais nomeações de seu gabinete e de sua equipe o mais rápido possível, co o objetivo de preencher a lacuna política deixada pelo impeachment de sua antecessora, Park Geun-hye, deposta em março devido a um escândalo de corrupção que abalou a elite política e empresarial da Coreia do Sul.


O novo presidente também prometeu cortar o que descreveu como “laços de conluio” entre o setor empresarial e o governo e que será um líder incorruptível. “Eu inicio este cargo de mãos vazias, e vou deixá-lo com as mãos vazias”, disse Moon, que fez carreira como advogado especializado na defesa dos direitos humanos.

Moon se reuniu com líderes partidários da oposição antes da cerimônia de posse, marcada pela simplicidade, e prometeu coordenar melhor as questões de segurança nacional.

“Posso ir bem em questões de relações entre as Coreias do Sul e do Norte, a segurança nacional e a aliança entre a Coreia do Sul e os EUA se o Partido Liberal me ajudar”, disse a membros da legenda opositora conservadora. “Vou compartilhar informações sobre segurança nacional com a oposição para angariar sabedoria.”

Moon deve adotar uma abordagem mais diplomática em relação à Coreia do Norte, em contraste com a ex-presidente, que conduziu uma política agressiva durante seu mandato. Ele diz que a diplomacia é o melhor caminho para convencer os norte-coreanos a desistir de seu programa nuclear.

Observadores afirmam que as declarações dele lembram a chamada “Política do Brilho do Sol”, que entre 1998 e 2008, sob um governo de esquerda, buscou uma aproximação com os norte-coreanos, em contraste com a abordagem linha-dura adotada por diferentes governos sul-coreanos nos últimos oito anos e também com a política internacional de isolamento e pressão sobre o pequeno país asiático.

À época, as Coreias criaram a zona econômica especial comum de Kaesong, o sul apoiou generosamente projetos de ajuda no norte, e conversações bilaterais eram conduzidas sem exigências prévias. Desta vez, Moon fala em três projetos centrais: uma cúpula coreana com Kim Jong-un, a reabertura de Kaesong e a criação de uma área turística no Monte Kumgang, no norte. Estes dois projetos podem trazer milhões de dólares por ano aos norte-coreanos. (Com agências internacionais)

apoio_04