Lava-Jato: sem citar nome, Lula faz alusão ao UCHO.INFO durante depoimento ao juiz Sérgio Moro

Nada poderia ser mais burlesco do que o depoimento de Lula ao juiz Sérgio Moro, responsável na primeira instância da Justiça Federal pelos processos da Operação Lava-Jato. Como se estivesse à mesa de um boteco de esquina e discutindo com amigos, o petista estava visivelmente nervoso, mas durante todo o tempo deixou evidente que continua acreditando estar acima de todos e da lei. Algo que não causa surpresa aos que acompanham a trajetória do responsável pelo período mais corrupto da história nacional.

Como se estivesse em um processo de anamnese, em que o cidadão tem lembrança não tão precisa, Lula caiu em contradições em vários momentos, mas não fugiu ao plano de colocar a culpa na ex-primeira-dama Marisa Letícia no caso do apartamento triplex em Guarujá, no litoral paulista, alvo da ação penal que originou o tão esperado interrogatório ocorrido na capital paranaense na quarta-feira (10).

Como esperado, Lula, na etapa derradeira do interrogatório, mais precisamente nas alegações finais, não perdeu a oportunidade de culpar a imprensa e os jornalistas pelos problemas que vem enfrentando ao longo dos últimos anos. O ex-metalúrgico afirmou que a Lava-Jato criou um sistema de condenações que depende obrigatoriamente do apoio da imprensa. De acordo com o petista, a imprensa “demoniza e criminaliza o Lula”. Ora, o ex-presidente erra e não quer ser alvo de críticas e eventuais punições.

Ao criticar os supostos vazamentos por parte da Polícia Federa e da força-tarefa da Lava-Jato, Lula esquece que as acusações que lhe fazem constam de ações penais que não são protegidas por sigilo, ou seja, são públicas. Isso significa que todas as informações nelas constantes podem ser acessadas por qualquer cidadão, inclusive pelos jornalistas.

Em determinado momento, Lula disse que não mencionaria os nomes de jornalistas para não valorizá-los, mas o fez de forma camuflada e com a conhecida dose de peçonha. Até porque, o ex-presidente continua acreditando que manda no País e faz o que quiser, sem se preocupar com as consequências.


“Tem alguns jornalistas, que eu não vou citar o nome para não valorizá-los, que eles sabem do que vai acontecer um dia antes”, esbravejou Lula, que afirmou que os vazamentos são propositais.

“Eu poderia citar o Fausto (Fausto Macedo), lá do Estadão, eu poderia citar a revista Veja, eu poderia citar um tal de blog que tem nos Estados Unidos de um cidadão, sabe, que sabe das coisas três dias antes de acontecer”.

No trecho acima, mesmo sem citar nome, Lula faz alusão ao UCHO.INFO ao mencionar “um tal de blog que tem nos Estados Unidos” que, com a conhecida responsabilidade jornalística e sem se valer dos aludidos vazamentos, noticia os fatos com antecedência e sem a fanfarra que marca alguns noticiosos. (confira a fala alusiva de Lula a partir do minuto 16 do vídeo disponível ao final da matéria)

Lula sabe que o UCHO.INFO migrou para as paragens norte-americanas porque seus “companheiros” agiram de forma covarde e truculenta por ocasião da divulgação exclusiva dos principais trechos das conversas telefônicas do macabro caso Celso Daniel.

Os “camaradas” não apenas fizeram ameaças, utilizando conhecidos e renomados advogados que se prestaram a papel pequeno e vil, mas tentaram por vias judiciais tirar do ar o site (à época com a extensão “.com.br”) que com o tempo transformou-se em “A MARCA DA NOTÍCIA”.

Lula também sabe que o editor do UCHO.INFO, por ter denunciado às autoridades o esquema de corrupção conhecido como Petrolão – denúncias feitas em agosto de 2005 e janeiro de 2009 –,foi seguidamente ameaçado e perseguido, sofrendo consequências das mais sórdidas, como, por exemplo, a inviabilização comercial do portal de notícias, que para o desespero dos petistas continua firme com seu compromisso de defender o Brasil e os brasileiros.

Os incomodados com nosso jornalismo devem repensar as investidas contra o UCHO.INFO, uma vez que não cedemos a pressões e intimidações, mesmo que isso consuma nosso precioso tempo e os escassos recursos. Apenas para lembrar, nosso estoque de informações contra corruptos não é pequeno, assim como a paciência.

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