FBI: demissão de James Comey acirra tensões envolvendo suposta ingerência russa na eleição dos EUA

A demissão do agora ex-diretor do FBI, James Comey, no início da semana aumentou a desconfiança nos Estados Unidos quanto a um possível acobertamento do escândalo envolvendo as suspeitas de intervenção da Rússia nas eleições presidenciais americanas de 2016, além de especulações sobre ligações de Moscou com a campanha do então candidato republicano, Donald Trump.

Nesta quarta-feira (10), o Comitê de Inteligência do Senado intimou Michael Flynn, ex-conselheiro de Segurança Nacional de Trump, a entregar documentos relacionados à investigação sobre a suposta interferência Rússia nas eleições, cujo conteúdo ele teria omitido das autoridades em Washington. Flynn foi afastado em janeiro após controvérsias sobre telefonemas seus com autoridades russas antes da posse de Trump.

Em conversas anteriores com o Comitê, Flynn aceitou ser interrogado como parte das investigações, contanto que lhe fosse garantida imunidade. Em março, seu advogado disse que ele teria “histórias a contar”, mas que nenhuma pessoa razoável concordaria em ser questionada sem “garantias contra acusações injustas”.

Também nesta quarta-feira, a imprensa americana noticiou que, dias antes de ser demitido do cargo, Comey, de 56 anos e com três décadas de experiência, havia pedido recursos adicionais para investigar a suposta influência russa no processo eleitoral.


No Departamento de Justiça, que nega tais alegações, a investigação sobre as eleições de 2016 caiu nas mãos do vice-procurador-geral, Rod Rosenstein, após o titular da pasta, Jeff Sessions, se recusar a conduzir o inquérito.

Em março, Sessions foi acusado de mentir sob juramento após o jornal “The Washington Post” revelar que o ex-senador teve contatos com o embaixador russo em Washington duas vezes antes das eleições, quando atuava como assessor da campanha de Trump. Ele teria escondido essa informação do Senado durante as audiências de confirmação de seu nome ao cargo de procurador-geral.

Na terça-feira (9), Rosenstein recomendou que Trump demitisse Comey sob a alegação de que ele teria manchado a imagem do FBI durante as investigações sobre e-mails da adversária de Trump nas eleições, a candidata democrata Hillary Clinton, de quando ela era secretária de Estado.

A porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, reiterou essa argumentação nesta quarta-feira, ao afirmar que “incontáveis” funcionários do FBI teriam perdido a confiança em Comey. Ela disse que o governo não vê necessidade de entregar o caso a um promotor especial, como ocorreu durante o escândalo de Watergate, que levou à renúncia do ex-presidente americano Richard Nixon. (Com agências internacionais)

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