Tenho o dever de defender o jornalismo do UCHO.INFO e cada um dos que o fazem grande e respeitado

(*) Ucho Haddad

O UCHO.INFO não faz jornalismo de encomenda, assim como não tergiversa diante dos fatos. Não faz jornalismo sob essa ou aquela bandeira ideológica. Nosso compromisso é levar aos leitores a melhor informação e a análise mais balizada. De igual modo agem os colaboradores e articulistas deste portal.

Quando adotamos tom crítico e incisivo ao condenar a roubalheira sistêmica implantada no País pelo Partido dos Trabalhadores e seus “puxadinhos” ideológicos, o fizemos porque nossa postura contra a corrupção é de intransigência. Roubo do dinheiro público é crime, não importando se praticado por esquerdistas ou direitistas.

Se o eleitorado brasileiro tem restrições em relação à esquerda nacional – e há motivos de sobra para ter – que resolva este problema nas urnas. Não será a reboque do flagrante desrespeito à Constituição Federal que o Brasil será passado a limpo. Até porque, criar exceções à lei pode ser um perigoso atalho ao totalitarismo, de esquerda ou de direita. E também a solução não surgirá de condescendências perniciosas.

Ao noticiarmos os escândalos de corrupção que ora gravitam na órbita do Palácio do Planalto, cobrando a imediata saída de Michel Temer, estamos cumprindo o compromisso assumido com cada brasileiro de não aceitar transgressões da lei por qualquer governante ou autoridade. Afinal, o suado dinheiro público, como o próprio nome comprova, é do povo, devendo ser investido para a melhoria e o desenvolvimento da nação.

O Brasil vive um momento surreal em termos políticos, seara em que qualquer escândalo de corrupção agora frequenta o universo dos dez dígitos. São bilhões para lá, bilhões para cá, como se o País fosse incansável cornucópia a financiar uma imensa quadrilha de criminosos que se escondem debaixo de mandatos eletivos, cargos na máquina oficial e foro privilegiado.

As críticas de alguns leitores às matérias e artigos do UCHO.INFO que condenam os envolvidos nos escândalos que brotaram do JBSgate, assim como de tantos outros imbróglios, são descabidas, mesmo que a cada um caiba o direito da livre manifestação do pensamento. Respeitamos o direito ao contraditório, mas não passamos a mão na cabeça de quem se dá por satisfeito com a enganação alheia.

Não escrevemos para agradar essa ou aquela corrente ideológica, mas, sim, para esclarecer dos fatos de forma isenta e com responsabilidade, apesar de reservarmo-nos o direito à opinião. O que não significa que seremos levianos apenas para agradar correntes políticas ou para alimentar eventual simpatia por determinados agentes públicos.

Acreditar que Temer deve permanecer no cargo, apesar dos escândalos que o devoram, apenas porque é preciso manter longe do poder a esquerda bandoleira, é aceitar a tese de que ladrões podem surrupiar o suado dinheiro do contribuinte, desde que não engrossem a legião dos chamados “mortadelas”. Corrupção é corrupção, não importando a ideologia ou a filiação partidária de quem a pratica.

Até o advento do Petrolão, que só foi investigado porque o editor do UCHO.INFO insistiu na denúncia ao longo de anos, nove entre dez brasileiros afirmavam ser a política um assunto chato. Precisou vir à tona o maior e mais ousado esquema de corrupção da história da Humanidade para que a população despertasse para a realidade. Política é essencial à vida do cidadão, pois existir é um ato político por si só. E como tal a política deve ser acompanhada diuturnamente e com muita atenção.

Quem conhece o funcionamento da política nos escaninhos da capital dos brasileiros sabe o perigo que representa a peçonha que vem dando as ordens no Palácio do Planalto nos últimos quase quinze anos. Que ninguém pense que a saída do PT do poder central representou o fim da corrupção. Ao contrário, a roubalheira continua rasgando a Esplanada dos Ministérios em todos os seus quadrantes, como se a corrupção fosse a mola propulsora de uma nação que insiste no sonho de, talvez um dia, ser o país do futuro.

A democracia brasileira é jovem e precisa aproveitar os efeitos colaterais dos escândalos para garantir seu amadurecimento. É preciso manter a esperança, fazer de cada tropeço uma oportunidade de triunfo. E isso depende da responsabilidade de cada brasileiro diante da sequência dos fatos. De nada adianta aceitar a permanência de um delinquente no poder só porque esse, a olhos incautos, é visto como pedra no caminho da esquerda. É preciso alijar os ladrões da vida pública, não importando quem sejam.

Se cobramos a saída de Michel Temer é porque há motivos de sobra para tal. Assim como fizemos em relação a Lula e Dilma Rousseff. E assim faremos com qualquer marginal que ousar subir a rampa do Palácio do Planalto. Vai muito além das fronteiras do aceitável um governo cuja cúpula, comandada por Michel Temer, é formada por figuras como Eliseu Padilha, Moreira Franco, Rodrigo Rocha Loures, Tadeu Filippelli e demais quejandos. Só mesmo inocentes políticos são capazes de defender tamanha aleivosia.

Nossa postura diante do escândalo envolvendo Michel Temer não resulta da simples gravação de uma conversa nada republicana, mas do fato de a mais alta autoridade do País ter recebido em palácio, na calada da noite, um empresário que é alvo de algumas operações da Polícia Federal por corrupção e acostumado a comprar políticos com a mesma destreza com que conta bois no pasto. Encontro que teve como cardápio crimes vários e o endosso presidencial para cada ilicitude.

Continuaremos firmes em nossa missão de fazer jornalismo em prol do Brasil e dos brasileiros, pois esse foi o compromisso que cada um do UCHO.INFO assumiu consigo mesmo. Ninguém é obrigado a concordar com o nosso jornalismo, mas não temos o dever de compactuar com opiniões que fogem da realidade.

Abraham Lincoln, décimo sexto presidente dos Estados Unidos, disse certa feita: “Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo”.

Nós, do UCHO.INFO, apenas fazemos jornalismo o tempo todo. Para todos, para cada um, sempre com base na verdade.

(*) Ucho Haddad é jornalista político e investigativo, analista e comentarista político, fotógrafo, escritor e poeta.

apoio_04