Crise política e novos escândalos de corrupção levam mercado a piorar projeção de indicadores econômicos

Enquanto aguarda uma solução rápida para a crise político-institucional que se instalou no País no vácuo da delação da JBS e de olho na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que reúne-se na próxima quarta-feira (31), o mercado financeiro piorou as projeções para alguns índices econômicos.

Esse movimento reverso decorre da grave crise que chacoalha o Palácio do Planalto e ameaça a permanência de Michel Temer na Presidência da República. Cenário que despeja incerteza sobre a aprovação das reformas trabalhista e previdenciária, consideradas essenciais para o equilíbrio das contas do governo e a retomada do crescimento econômico.

Divulgado nesta segunda-feira (29) pelo Banco Central (B), o Boletim Focus mostra que os analistas do mercado apostam em alta da inflação oficial, medida pelo IPCA, que deve fechar 2017 na casa de 3,95% ao ano, contra 3,92% da previsão anterior. Para o próximo ano, a previsão para a inflação oficial é de 4,40%, contra 4,34% da estimativa anterior. Em ambos os cenários, o IPCA fica abaixo do centro da meta estabelecida pelo governo, que é de 4,5%.

Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), os especialistas também revisaram para baixo as projeções para este ano e o próximo. Em 2017 o PIB deve fechar o ano em o,49%, contra 0,50% da estimativa anterior. Para 2018, a projeção de crescimento da economia caiu de 2,50% para 2,48%.


No tocante à taxa básica de juro, a Selic, os economistas das cem maiores instituições financeiras em atividade no País mantiveram o índice no patamar de 8,50% até o final do ano. Isso significa que o Copom continuará reduzindo a Selic, atualmente fixada em 11,25%.

Essa trajetória de corte na taxa básica de juro não é fruto de medidas econômicas, as quais ainda aguardam aprovação no Congresso, mas da queda drástica no consumo, a perda do poder de compra dos salários, do nível elevado do desemprego e também do temor da sociedade em relação ao futuro, que apresenta-se cada vez mais incerto.

O cenário atual não é dos mais animadores, apesar do otimismo dos palacianos e de muitos operadores do mercado financeiro. A queda na taxa básica de juro é positiva para o governo no momento de rolagem da dívida, mas torna-se um problema quando o assunto é captação de recursos. Com a queda na remuneração dos títulos públicos, os investidores devem procurar papeis mais rentáveis, ao mesmo tempo seguros.

Ademais, os investimentos em infraestrutura devem continuar em compasso de espera, pois os investidores internacionais redobraram a cautela diante da grave crise política e o surgimento de novos escândalos de corrupção.

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