Com a decisão do deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR) de recusar convite do governo para assumir o comando do Ministério da Transparência, retomando o mandato na Câmara dos Deputados, o paranaense Rodrigo Rocha Loures, flagrado pela Polícia Federal recebendo uma mala com R$ 500 mil, propina paga pelo Grupo JBS, está sem o chamado foro privilegiado desde a tarde desta terça-feira (30). Isso significa que um pedido de prisão de Loures poderá surgir a qualquer momento.
Pífio como político e desastroso como operador de Michel Temer nos subterrâneos do poder, Rocha Loures está sendo pressionado pela família para iniciar negociação de colaboração premiada com a força-tarefa da Operação Lava-Jato, antes que o pior aconteça. Considerando que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deverá pedir a prisão de Loures, a delação é o caminho mais lógico, apesar de seu advogado alegar que a defesa será técnica.
Se Rodrigo Rocha Loures optará pela delação não se sabe, mas a simples possibilidade vem tirando o sono do presidente da República e de alguns integrantes do núcleo duro do Palácio do Planalto. Isso porque o agora ex-deputado, não suportando a pressão decorrendo do JBSgate, certamente contará o que sabe sobre o escândalo que continua chacoalhando o governo Temer.
Disposto a tudo para manter-se na Presidência, Michel Temer terá de agir rápido antes que um pedido de prisão de Rocha Loures chegue ao gabinete do ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
A saída que resta a Temer é entregar o Ministério da Transparência a um dos três deputados federais paranaenses do PMDB, exceto Osmar Serraglio (ao todo são quatro). São eles: Hermes Parcianello, João Arruda e Sérgio Souza.
Bacharel em Ciências Contábeis, Parcianello, conhecido na política paranaense como “Frangão”, é alvo de inquérito no STF por corrupção ativa e contravenções penais. É acusado de exploração do jogo do bicho e pagamento de propina para encobrir atividade ilícita.
Sobrinho do descontrolado senador Roberto Requião (PMDB-PR), João Arruda foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Paraná por homicídio culposo em decorrência de acidente de trânsito em que morreram duas pessoas.
Advogado, Sérgio Souza é presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara. Citado em grampos da Operação Carne Fraca, Souza é acusado de ter recebido “muito dinheiro” de Daniel Gonçalves Filho, fiscal agropecuário apontado como líder do esquema criminoso no Ministério da Agricultura e preso pela PF.
Em janeiro de 2016, os nomes de Hermes Parcianello e João Arruda vieram à baila nos bastidores dos escândalos. Ambos (Parcianello e Arruda) teriam recebido dinheiro do Grupo Libra, que opera no Porto de Santos, através de transferências da conta de campanha de Michel Temer, em 2014.