Queda nos investimentos em máquinas e equipamentos mostra que euforia com avanço do PIB é descabida

Logo após o anúncio do IBGE, na quinta-feira (1), de que o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestres teve alta de 1%, o UCHO.INFO afirmou que era prematuro e irresponsável comemorar o resultado, dando a entender que a recessão terminou.

Carente de notícias alvissareiras para minimizar a grave crise política e espantar o movimento que pode lhe ceifar o cargo, o presidente Michel Temer fez do resultado do PIB uma tábua de salvação. É importante lembrar, como mencionado em matéria anterior, que o resultado da economia nos três primeiros meses do ano resultou da supersafra agrícola no período, algo que dificilmente se repetirá ao longo dos próximos trimestres.

Nesta sexta-feira (2), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou da produção industrial brasileira, que em abril, na comparação com o mês anterior, registrou alta de 0,6%. Esse resultado compensa a queda de março, de 1,3%.

Segundo o IBGE, foi o melhor resultado para o mês de abril na comparação com o mês anterior desde 2013, quando o indicador cresceu 0,9%. Na comparação com abril de 2016, porém, a queda da produção da indústria é de 4,5%, a maior baixa interanual desde outubro de 2016, quando foi registrado recuo de 7,5% em relação a outubro de 2015.


O UCHO.INFO continua insistindo que é preciso muita cautela com os números da economia, pois os resultados não significam uma melhora definitiva. Aliás, se analisados os dados do setor de máquinas e equipamentos, essa euforia acaba em questão de minutos.

De acordo com a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), em abril deste ano os investimentos nos chamados bens de capital (máquinas e equipamentos) registraram queda de 23,2% em comparação a março. Na comparação interanual, com abril de 2016, a queda foi ainda maior e alcançou 26,3%. Trata-se da décima queda consecutiva nesse cenário de comparação. No acumulado do ano (2017), a queda nos investimentos em máquinas e equipamentos bateu em 21,9%.

Não importa o cenário da análise, a queda nos investimentos em bens de capital, absolutamente necessários para a produção industrial, mostra que é temerário afirmar que a crise ficou para trás e economia brasileira retomou o caminho do crescimento.

O setor de máquinas e equipamentos é um termômetro fiel que antecipa o que deve acontecer com a economia nos meses seguintes. Com o movimento de queda demonstrado pela ABIMAQ, o máximo que os brasileiros podem esperar é que em 2017 a economia verde-loura, na melhor das hipóteses, ande de lado. O que é um bom sinal. É importante ressaltar que esse cenário se confirma quando retirado do cálculo do PIB do primeiro trimestre o excelente resultado do agronegócio. Se esse ingrediente, o PIB teria chegado, no máximo, a 0,5%.

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