Crise política à parte, economia do País está à beira do precipício aguardando a aprovação das reformas

A economia brasileira ainda não saiu da crise, mas o mercado financeiro insiste em revisar para melhor os indicadores econômicos. Não se trata de condenar o otimismo e incensar a mais não poder o pessimismo, mas de encarar a realidade como de fato é.

A inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), só entrou em trajetória de queda porque o consumo encolheu de maneira assustadora. Em outras palavras, a queda da inflação não resulta de alguma ação do governo de Michel Temer no campo da economia.

Enquanto os economistas enxergam um clarão no horizonte, a radiografia do futuro não é das mais animadoras. O anúncio de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com período igualmente anterior, só foi possível porque o setor agropecuário salvou a lavoura. Porém, não se pode imaginar que a supersafra terá duração eterna.

A única medida do governo Temer na economia foi a aprovação da PEC do Teto de Gastos, que fixa um limite para os gastos públicos nos próximos vinte anos. Isso significa que o governo precisa fazer de forma célere um ajuste fiscal à altura da PEC, que agora existe como emenda constitucional. Ou seja, ou faz-se um alinhamento das despesas com a limitação de gastos, ou aceita-se a ideia de que em breve o Brasil irá pelos ares em termos econômicos.

A dificuldade do governo para aprovar as reformas trabalhista e previdenciária aumento sobremaneira nas últimas duas semanas por conta do escândalo envolvendo o Grupo JBS e seus donos, os irmãos Wesley e Joesley Batista. Com o presidente Michel Temer na berlinda política por causa da conversa nada republicana com Joesley e a prisão do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, caiu o números de parlamentares dispostos a aprovar medidas que, mesmo necessárias, são impopulares.


O Brasil vive um momento crítico e perigoso em termos econômicos, mas os políticos estão a pensar apenas na reeleição. Não fosse 2018 um ano de eleições gerais, certamente a chance de aprovar as reformas seria maior. Por enquanto, a chamada base aliada continua apoiando o Palácio do Planalto, mas já começa a ensaiar um movimento de debandada. O motivo é o mesmo de sempre: nenhum político quer colar a própria imagem a um governo marcado por corrupção e prestes a cair, como se a classe política fosse uma ajuntamento de probos.

O País precisa mudar, é fato, mas a sociedade deve estar ciente de que esse processo de mutação será longo e exigirá sacrifícios de todos. Não será com a escolha de um novo presidente – é importante ressaltar que a Constituição prevê que em caso de vacância da Presidência a eleição é indireta – que o Brasil sairá do atoleiro da crise econômica. Retomar de forma sustentável o crescimento da economia será uma missão árdua e longa.

Goste-se ou não de Michel Temer, não se pode negar que o caminho das reformas (trabalhista e previdenciária) é o único capaz de salvar o Brasil. Aos cidadãos cabe o direito de repudiar a proposta, mas aos políticos cabe o dever de defender os interesses da nação de amanhã e depois. Enquanto o impasse perdura, a esquerda bandoleira, que levou o País à débâcle no rastro da corrupção e de uma matriz econômica estabanada, tenta retornar ao poder no embalo de promessas tão mentirosas quanto criminosas.

Longe de cultuar a tese do “quanto pior, melhor”, o cenário atual aponta para um futuro ainda mais difícil, caso as reformas não seja aprovadas. Aliás, aprovar a reforma da Previdência depois da desfiguração a que a proposta do governo foi submetida servirá para nada. Ou pensa-se o País para as próximas gerações, ou o último a sair fica com a responsabilidade de apagar a luz.

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