Britânicos decidem nesta quinta-feira o futuro de Theresa May e do Brexit

Quando desnecessária e precipitadamente antecipou as eleições legislativas, que deveriam ocorrer somente em 2020, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, apostava em folgada vantagem em relação aos possíveis adversários, mas não contava que atentados terroristas pudessem ocorrer nos últimos meses, atrapalhando sobremaneira seus planos políticos.

Questões político-partidárias à parte, May passou a ser duramente criticada por conta dos ataques que deixaram dezenas de mortos, pois enquanto ministra do Interior (2010-2016) cortou verbas destinadas às forças policiais e de segurança britânicas.

Os britânicos foram às urnas nesta quinta-feira (8) – a eleição termina às 22 horas (horário de Londres) – para eleger o novo chefe de governo, mas os atentados em Manchester e Londres – três atentados em 76 dias, com saldo de 34 mortos – devem interferir nos resultados das urnas.


Nos últimos dias, Theresa May radicalizou o discurso para atrair eleitores impactados pelos ataques, cuja autoria foi reivindicada pelo grupo terrorista Estado Islâmico. Na reta final da campanha, a primeira-ministra chegou a prometer que abrirá mão de determinadas leis de direitos humanos para facilitar a prisão e deportação de suspeitos de terrorismo sem o devido processo legal.

O trabalhista Jeremy Corbyn, principal rival de May na eleição, centrou a campanha na melhora dos serviços públicos e na suspensão dos cortes no orçamento de serviços sociais defendido pela atual primeira-ministra. Após o atentado do último final de semana, na London Bridge, Corbyn criticou as decisões da premiê em relação ao combate ao terrorismo e pediu sua renúncia.

May antecipou as eleições com foco na negociação para retirar o Reino Unido da União Europeia. Ela queria ampliar a base do Partido Conservador no Parlamento, hoje de 17 cadeiras, para conseguir maior capital político no diálogo com Bruxelas. Ao longo da campanha, no entanto, a conservadora propôs cortes no sistema de saúde que irritaram o eleitorado mais velho, tradicionalmente fiel ao seu partido.

A aposta de Theresa May fracassou de maneira fragorosa, o que levou a opinião pública local a questionar sua capacidade não apenas de negociar o Brexit com Bruxelas, mas de beneficiar os cidadãos mais pobres e blindar o Reino Unido contra atos terroristas.

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