Com previsão de recuo do PIB, economia continua dependendo da solução da grave crise política

A crise política continua alimentando as muitas incertezas que pairam sobre a economia brasileira, principalmente depois dos escândalos envolvendo o presidente Michel Temer, que finge ignorar o problema.

Ouvidos pelo Banco Central (BC), economistas das cem maiores instituições financeiras em atividade no País reduziram a previsão de crescimento da economia verde-loura para 2017, de 0,5% para 0,41%.

Na última semana, pouco mais de quinze dias após a eclosão do JBSgate, alguns dos maiores bancos brasileiros já haviam reduzido as estimativas para o PIB deste ano. O Itaú Unibanco, por exemplo, revisou o crescimento da economia de 1% para 0,3%, enquanto o Bradesco, ainda mais conservador, reduziu de 0,3% para 0%.

De acordo com o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (12), os analistas consultados pelo BC apostam que para 2018 o crescimento do PIB será 2,3%. Na semana anterior, a expectativa era de crescimento de 2,4%.

Em relação à inflação oficial, medida pelo índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a aposta dos especialistas caiu de 3,90% para 3,71% para o corrente ano. No tocante a 2018, a estimativa é que o IPCA seja de 4,37%, contra 4,4% da previsão anterior.


Os especialistas mantiveram pela nona semana seguida a projeção de que a taxa básica de juro, Selic, encerrará 2017 em 8,5% ao ano. Para o fim de 2018, a previsão da Selic dada pelos analistas também se manteve em 8,50%.

O mercado financeiro também manteve estável a previsão da taxa de câmbio do dólar no final de 2017 em R$ 3,30. Para o fim de 2018, a previsão da Selic dada pelos analistas também se manteve em 8,50%, já para a taxa de câmbio a estimativa é que feche o próximo ano em R$ 3,40.

Esses números, que aparentemente revelam doses de otimismo, continuam reféns da crise política, que não tem prazo para terminar. Ao contrário, a crise política piora a cada dia com o surgimento de novos escândalos de corrupção.

Um dos principais ingredientes dessa crise é a situação vivida pelo presidente Michel Temer, que para não ser apeado do cargo terá de aceitar o jogo dos integrantes da chamada base aliada. Prevalecerá o escambo criminoso em um cenário que tem como pano de fundo as eleições do próximo ano. Isso significa que as reformas trabalhista e previdenciária não serão aprovadas com tanta facilidade.

Políticos ouvidos pelo UCHO.INFO afirmaram que na melhor das hipóteses apenas a reforma trabalhista será aprovada. A da Previdência enfrentará problemas, pois não há clima político para aprovar matéria extremamente necessária, mas impopular.

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