PSDB perde a vergonha, rasga o discurso, atropela a coerência e decide continuar no governo Temer

Quando reuniu-se no começo da noite de segunda-feira (12), em Brasília, na sede nacional da legenda, o PSDB já estava decidido a não deixar a base aliada do turbulento governo de Michel Temer (PMDB), que sangra à sombra de impressionante sequência de denúncias de corrupção.

Rasgando o recente discurso moralista que pregava o fim da corrupção, os caciques tucanos certamente cairão na mesma armadilha que marcou o primeiro grande escândalo de corrupção da era petista. À época, o PSDB desistiu de apoiar um pedido de impeachment de Lula sob a alegação de que era preciso manter a governabilidade.

Com a decisão de continuar não apenas na base aliada, mas integrando o governo Temer, onde controlam quatro ministérios, os tucanos esperam contar com o apoio do peemedebista na corrida presidencial de 2018 e no Conselho de Ética do Senado, que decidirá sobre o futuro político de Aécio Neves.

A estratégia tucana contraria o desejo da extensa maioria da população, que desaprova o governo de Michel Temer e cobra o implacável combate à corrupção. Ignorando esse pleito da opinião pública, o PSDB chegará às eleições do próximo ano absolutamente desgastado, o que pode selar a sorte do partido.


Não se pode esquecer que por ocasião do processo de impeachment de Dilma Rousseff, o motivo real para ejetar a petista do cargo não foi o impressionante avanço da corrupção no País. Os mencionados crimes de responsabilidade, inequivocamente cometidos, foram o caminho legal e mais curto para despejar a petista do Palácio do Planalto.

Como sempre em cima do muro, os tucanos alegaram que o apoio ao governo de Michel Temer será mantido até o surgimento de um fato novo, quando a situação será mais uma vez analisada. Acontece que nove entre dez integrantes do PSDB sabem que há um cipoal de acusações contra Michel Temer a caminho. Isso significa que o tucanato terá de tomar uma posição definitiva em breve, caso queira chegar em 2018 com alguma sobrevida em termos eleitorais.

Um dos próximos problemas a surgir no horizonte do presidente da República é o recurso que o PSDB apresentará ao Supremo Tribunal Federal (STF) por conta da pífia decisão do TSE de não cassar a chapa Dilma-Temer. Essa decisão confirma o desespero que tomou conta do partido, que busca minimizar o fato de que Aécio Neves, que perdeu duplamente a eleição de 2014 – uma vez nas urnas, outra no TSE.

Fora isso, deputados federais do PSDB, contrários à decisão do partido de continuar no governo, prometem votar a favor da abertura de investigação contra Temer com base na denúncia que será apresentada pela Procuradoria-Geral da República. Ou seja, os caciques tucanos querem todos os bônus, mas não abrem mão de gerar ônus ao governo.

apoio_04