Alta no comércio e no setor de serviços não significa que economia brasileira está saindo do atoleiro

O comércio varejista registrou crescimento de 1% nas vendas em abril. Foi o melhor abril desde 2006, quando o varejo teve crescimento de 1,1%. Também abril passado, o setor de serviços apontou crescimento de 1%, na comparação com o mês imediatamente anterior.

Divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os dados de ambos os setores levaram animação ao Palácio do Planalto, onde a crise política vem chacoalhando o governo e ameaçando a permanência de Michel Temer na Presidência da República.

O que parece uma retomada da economia, até porque a participação do setor de serviços na composição do Produto Interno Bruto (PIB) é majoritária, na verdade é reflexo de alguns fatos isolados, a começar pela injeção no mercado de consumo de dinheiro proveniente da liberação das contas inativas do FGTS.

Não se pode falar em retomada do crescimento econômico antes de equacionar o desemprego, fantasma que vem assustando pouco mais de 14 milhões de brasileiros. Se considerado o contingente de trabalhadores que desistiram de procurar emprego ou não o fazem por falta de condições financeiras, além dos que estão na informalidade, o número de desempregados sobe, sem esforço, para 21 milhões de pessoas.


Por outro lado, a economia ensaiará eventual saída da vala da crise se o governo federal retomar os investimentos, em especial em infraestrutura. Algo que não deve acontecer tão cedo por causa da crise política, tem assustado investidores nacionais e internacionais.

Enquanto os palacianos e o mercado financeiro comemoram os resultados divulgados pelo IBGE, Michel Temer trabalha para manter-se no cargo a qualquer custo. Esse é o plano que vem merecendo todas as atenções do staff palaciano.

Tal cenário exigirá de Temer uma série de concessões, as quais comprometerão o programa de ajuste fiscal e as reformas trabalhista e previdenciária. Com a decisão do presidente que autoriza o BNDES a renegociar mais de R$ 50 bilhões em dívidas de estados e municípios, o ajuste fiscal foi pelos ares. Ademais, a economia que resultaria da reforma previdenciária pode ser anulada pelas medidas tomadas por um presidente movido pelo desespero.

Para completar o cenário de caos, o UCHO.INFO ouviu deputados e senadores da chamada base aliada, que foram uníssonos em afirmar que na melhor das hipóteses apenas a reforma trabalhista será aprovada. A previdenciária ficará para o futuro, pois no momento não há clima político para matéria tão polemica e impopular.

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