Lava-Jato: Fachin acerta ao retirar de Sérgio Moro processos envolvendo Lula, Cunha e a Odebrecht

A direita colérica começa a espernear diante da decisão do ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), que retirou do juiz Sérgio Moro os inquéritos sobre Lula e Eduardo Cunha (PMDB-RJ) com base em delações da Odebrecht.

Fachin aceitou os recursos apresentados pelos advogados de Lula e Cunha, que alegaram não ter relação com os delitos cometidos na Petrobras os quatro episódios de corrupção relatados pelos ex-dirigentes e executivos da empreiteira no âmbito de acordo de colaboração premiada.

No tocante ao alarife Lula, delatores da Odebrecht citaram episódios nos quais o petista teria favorecido a construtora em Angola, em troca de propina. Também foram citados pelos delatores da empreiteira o pagamento de mesada a um dos irmãos de Lula (Frei Chico) e irregularidades na construção das hidrelétricas de Santo Antonio e Jirau, no Rio Madeira (RO).


Em relação a Eduardo Cunha, os dirigentes da Odebrecht detalharam suspeitas que pairam sobre a contratação da empresa de consultoria Kroll para tentar barrar as investigações da Operação Lava-Jato, que desmontou o maior e mais ousado esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão.

Fachin decidiu enviar o caso sobre o pagamento de mesada Frei Chico para a Justiça Federal de São Paulo, enquanto os envolvendo as obras no Rio Madeira e em Angola, para a Justiça Federal do Distrito Federal. As investigações sobre Eduardo Cunha também ficarão na Justiça Federal de Brasília.

O ministro-relator da Lava-Jato agiu de forma acertada e de acordo com o que determina a lei, pois crimes devem ser apurados no foro onde foram cometidos. É importante ressaltar que o juiz Sérgio Moro não é o único magistrado brasileiro com competência para julgar casos de corrupção. De igual modo, Moro e os integrantes da força-tarefa da Lava-Jato não são os salvadores da pátria, mas servidores públicos que estão a cumprir seus deveres e obrigações.

O vedetismo que tomou conta da Lava-Jato não apenas assusta, mas coloca sob risco iminente uma operação inédita de combate à corrupção. Que ao longo das investigações e do tramite processual as autoridades envolvidas limitem-se ao que determina a lei, pois é preciso fazer-se justiça, não justiçamento, como destacou o UCHO.INFO em artigo anterior.

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