Após votar contra reforma trabalhista, senador do PMDB diz que governo de Michel Temer é corrupto

Se a situação do presidente Michel Temer (PMDB) não era das melhores, depois da derrota do governo na Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS), que rejeitou a proposta de reforma trabalhista, piorou sobremaneira. O resultado na CAS contra o relatório do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) – 10 votos a 9 – mostra que a articulação política do Palácio do Planalto já sente os efeitos da grave crise que chacoalha o governo.

Com a perda do controle da chamada base aliada, o governo de Michel Temer ingressa a passos largos no campo da incerteza, pois não se pode afirmar que a reforma da Previdência será aprovada com facilidade, como vinham alardeando os palacianos.

Alvo de sérias acusações de corrupção, feitas pelo empresário Joesley Mendonça Batista, dono da JBS, Temer agora enfrenta a peçonha de integrantes do próprio partido, o PMDB. Na votação na CAS, o senador Hélio José (PMDB-DF) posicionou-se contra a proposta de reforma trabalhista, mas não demorou muito a sentir o peso da caneta palaciana. O senador peemedebista viu dois indicados seus serem apeados dos cargos que ocupavam na máquina federal.

Indignado com a decisão do governo, Hélio José disse que foi alvo de “retaliação terrível”. Na edição desta quarta-feira (21) do Diário Oficial da União (DOU) foram publicadas as exonerações de Vicente Ferreira do cargo de diretor de planejamento e avaliação da Sudeco (Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste) e de Francisco Nilo Gonsalves Júnior, entao superintendente da Secretaria do Patrimônio da União (SPU) no Distrito Federal.


Visivelmente contrariado, Hélio José disparou, na manhã desta quarta-feira, na direção do Palácio do Planalto: “É inadmissível que um governo mergulhado neste emaranhado de corrupção tome este tipo de atitude, de retaliação a quem quer fazer as coisas de forma correta. Não podemos concordar isso”.

Para azedar ainda mais a relação com Michel Temer, o senador do DF disse que o governo “está para o que der e vier” e que não é “correto” para comandar o Brasil.

“Acho que os caras enlouqueceram. Pegar um senador da República e retaliar duas indicaçõezinhas de governo por causa de uma votação porque votou com sua consciência. Isso é justo? Não é justo. Não é um governo correto para um país do tamanho do nosso”, afirmou Hélio José, que escapou das perguntas sobre oposição oficial Temer.

O senador Hélio José tem o direito de manifestar sua irritação com a decisão palaciana, mas não pode fingir que desconhecia o grau de corrupção do governo e o chamado balcão de negócios, no qual troca-se cargo na máquina pública por apoio no Congresso.

No momento em que o governo de Michel Temer balança cada vez mais, é compreensível que políticos queiram descolar a própria imagem da enxurrada de escândalos de corrupção. O que não se pode aceitar é o senador do DF querer destilar inocência, quando sabe-se que a política brasileira há muito é movida por corrupção.

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