Aécio tomou dinheiro de Joesley porque não tinha como pagar advogado, mas contrata criminalista badalado

De volta a casa, onde cumpre prisão domiciliar com direito a monitoramento por tornezeleira eletrônica, Andrea Neves foi presa preventivamente pela Polícia Federal em 18 de maio passado, na esteira da Operação Patmos, por ter pedido ao empresário Joesley Mendonça Batista, dono da JBS, dinheiro para que o irmão, senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), honrasse os honorários do advogado que o defende no âmbito da Operação Lava-Jato.

Aécio, que foi afastado do mandato por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), teve gravada conversa em que pede a Joesley R$ 2 milhões, dinheiro que supostamente seria para pagar o responsável por sua defesa. A PF monitorou um primo do senador tucano, Frederico Pacheco de Medeiros, que foi incumbido de receber o dinheiro de propina das mãos de Ricardo Saud, executivo da JBS. Frederico, por sua vez, repassou o produto do crime para Mendherson Souza, assessor do também senador Zezé Perrella (PMDB-MG).

Mendherson levou o dinheiro para Belo Horizonte, onde um filho de Perrella tratou de depositar parte da propina na conta bancária de uma de suas empresas. Ou seja, o dinheiro da corrupção, que supostamente deveria servir para pagar honorários advocatícios, não passava de propina.

A desculpa apresentada por Aécio Neves é tão frágil e vazia, que não parou em pé por muito tempo. O próprio senador mineiro, que por pressão foi obrigado a se licenciar da presidência do PSDB, tratou de desmontar a alegação pífia e vergonhosa apresentada à opinião pública e às autoridades. Até porque, como reza a sabedoria popular, “a mentira tem perna curta”.


Para se defender das acusações e tentar retomar o mandato parlamentar, Aécio Neves se fez representar por um advogado, que apresentou ao STF alegações e recursos, como prevê a legislação vigente. É sabido que no Brasil não se faz política sem muito dinheiro, mas em algum momento é recomendável que os políticos agarrem-se à lógica e ao bom senso. Algo que Aécio sequer se preocupou em fazer.

A questão é muito simples e passa rapidamente pelo campo da aritmética. Se Aécio Neves precisou recorrer ao dono da JBS para pagar o advogado que o defende no escopo da Lava-Jato, é preciso saber como o senador mineiro contratou o criminalista Alberto Zacharias Toron para defendê-lo na seara da Operação Patmos.

Não se trata de questionar a idoneidade de Zacharias Toron, um dos renomados criminalistas brasileiros, mas é preciso reconhecer que advogados desse naipe só deixam seus elegantes e confortáveis escritórios por uma boa causa. Uma defesa complexa como a de Aécio Neves não sai por menos de R$ 5 milhões. Para quem tomou R$ 2 milhões de Joesley Batista, esse novo valor é uma fortuna.

É fato que na política verde-loura há muitos especialistas em milagre da multiplicação, mas Aécio Neves, que está a léguas de distância de ser um político minimamente competente e razoável, deve explicações aos brasileiros. Em qualquer país sério e com autoridades responsáveis, o senador tucano já estaria preso.

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